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Entrevista

Coordenadora do Setor de Imunização explica como será vacina contra poliomielite injetável

Vacinação da doença contará agora com 4 doses, sendo 1 de reforço

Com a atualização do calendário vacinal, o esquema básico permanece com as três doses da VIP.
Com a atualização do calendário vacinal, o esquema básico permanece com as três doses da VIP. | Foto: Antonio Luiz/JPNews

Nesta segunda-feira (30), a coordenadora do setor de Imunização, Humberta Azambuja, participou do programa RCN Notícias, da TVC HD, Canal 13.1, para falar sobre a atualização da vacina contra poliomielite.

A vacina oral contra a poliomielite, conhecida como “gotinha”, foi descontinuada em todo o país desde a última sexta-feira (27). A imunização estava em uso desde 1977 no Brasil. Com o último caso de poliomielite ocorrido em 1989, já são 34 anos sem a doença no país.

Humberta explica que a gotinha se trata de uma vacina de vírus vivo atenuado, ou seja, é um vírus enfraquecido a ponto de não conseguir produzir a doença em quem a recebe. “Por ela ser uma vacina com o vírus vivo, essa decisão foi mais pela segurança e também pelas evidências científicas. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu descontinuar a vacina oral, mas continuaremos a oferecer a vacina inativada, conhecida como VIP (vacina inativada contra a poliomielite), que é administrada por injeção”.

Quando se trata de vacinação infantil, a coordenadora destaca que a imunização é obrigatória, conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a legislação, toda criança menor de 18 anos tem direito à vacinação, e cabe ao Estado fornecer as vacinas, enquanto as famílias devem garantir que as crianças compareçam para recebê-las.

A vacina contra a poliomielite é destinada a crianças menores de 5 anos. Antes da retirada da vacina oral (VOP), o calendário vacinal incluía uma dose da vacina inativada (VIP), que é administrada por injeção, aos 2 meses de idade. O esquema básico consistia em três doses: a segunda dose aos 4 meses e a terceira aos 6 meses. Após essas três doses, um reforço era aplicado aos 15 meses, com a vacina oral (gotinha), e outro reforço aos 4 anos, também com a gotinha. Assim, a criança totalizava cinco doses contra a poliomielite.

Com a atualização do calendário vacinal, o esquema básico permanece com as três doses da VIP, que garantem uma proteção de 99% contra a poliomielite. O primeiro reforço continua a ser administrado aos 15 meses, mas, a partir de agora, será feito com a mesma vacina inativada (VIP), que assegura 100% de eficácia contra a doença. O segundo reforço, que anteriormente era aplicado aos 4 anos, foi descontinuado. Agora o novo esquema vacinal para crianças contra a poliomielite consistirá em três doses da VIP, seguidas de um único reforço aos 15 meses, também com a VIP.

De acordo com Humberta, a cobertura vacinal contra a poliomielite em Três Lagoas está abaixo do ideal estabelecido pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). O PNI estabelece uma cobertura de 95% para as três doses do esquema básico, que se estende até os 6 meses de idade. “Atualmente, Três Lagoas registra uma cobertura de 94%, o que ainda não atinge o índice recomendado. Esse percentual refere-se às três primeiras doses da vacina, e há, aproximadamente, 1,8 mil crianças com menos de 1 ano nessa faixa etária”.

Quando analisado o primeiro reforço, administrado aos 15 meses, a cobertura cai, chegando a apenas 63%. Ou seja, das 1,8 mil crianças nessa faixa etária, apenas cerca de 1 mil retornaram para receber a dose de reforço. “Essa baixa adesão é preocupante, pois, embora as três primeiras doses garantam 99% de eficácia até os 6 meses, o reforço é necessário para atingir os 100% de proteção contra a poliomielite”, ela explica.

Embora o Brasil tenha erradicado a poliomielite e mantenha o certificado internacional de erradicação desde 1994, a coordenadora orienta que é importante continuar os esforços para assegurar que o país permaneça livre da doença.

Veja a entrevista completa abaixo: