O mês de janeiro ainda não terminou, mas já apresenta alto número de casos de violência doméstica. Dados da Delegacia de Atendimento à Mulher de Três Lagoas (DAM) revelam que 58 mulheres foram agredidas entre os dias 1 e 24 deste mês, o que corresponde a duas ocorrências por dia, em média. A delegada titular da DAM, Sayara Quinteiro Martins, destacou que ciúmes excessivos, xingamentos, manipulações, agressões e ameaças são algumas das violências físicas, verbais e psicológicas sofridas pelas vítimas. No entanto, a quantidade de casos pode ser bem maior porque muitos deles ainda não chegam à unidade policial.
A delegada também informou que 41 vítimas pediram medidas protetivas na delegacia. A violência contra as mulheres ainda é uma problemática que persiste, independentemente das condições culturais, financeiras ou sociais dos envolvidos. Levantamento feito pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) revela que as vítimas, em sua maioria, são mulheres entre 20 e 40 anos de idade, e que se dedicam exclusivamente às tarefas domésticas. Outro aspecto que influencia diretamente nesses casos é o uso de drogas e álcool, responsável por potencializar o número de ocorrências, principalmente durante a noite.
A delegada destaca que a violência doméstica está fortemente ligada ao machismo estrutural, perpetuado muitas vezes desde a infância. “A violência doméstica começa na infância, pela cultura do machismo estrutural, quando a irmã tem que cuidar da casa e dos irmãos”, explica. Segundo a Lei Maria da Penha, a violência doméstica envolve qualquer ação baseada no gênero, caso a mulher sofra algum tipo de violência apenas pelo fato de ser mulher. A lei não prevê prazo de duração da medida protetiva. A ideia é que a determinação continue valendo enquanto a mulher estiver em risco.