Desde o início do mês de julho até agora, a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Três Lagoas já registrou 89 pedidos de medidas protetivas. Somente em agosto, até o dia 21, foram contabilizadas 27 solicitações de proteção feminina, média de 9 pedidos por semana. A violência contra as mulheres ainda é uma problemática que persiste, independentemente das condições culturais, financeiras ou sociais dos envolvidos.
Entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 692 casos de violência doméstica em Três Lagoas. No mesmo período, Campo Grande teve 4.365 ocorrências e, em todo o estado, já foram contabilizados 13.532 casos. Os dados são da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp/MS).
Segundo a delegada da Mulher, Letícia Mobis, além dos casos registrados, estima-se que o número real seja bem maior, pois muitas vítimas sofrem violência, mas não têm coragem de denunciar. “Três Lagoas é uma cidade muito rotativa. Muitas mulheres vêm acompanhar os maridos e, pela dependência financeira e distância da família, ficam desamparadas e se tornam alvos de agressão”, explicou.
Neste mês, em todo o Brasil, é promovida a campanha “Agosto Lilás”, criada por meio da Lei nº 14.448/2022, com o objetivo de instruir a população sobre como identificar e reagir a casos de violência, alertando que muitos deles podem ser pouco perceptíveis, como nas situações de violência patrimonial, moral, psicológica, sexual e até mesmo física.
“Há maridos muito ciumentos que, ao saírem para trabalhar, deixam a mulher sozinha em casa. As mulheres precisam conhecer bem a pessoa com quem se relacionam. Além das medidas protetivas, que já são uma conquista, o que está faltando é mais apoio para essas mulheres, para que consigam alcançar a independência financeira e receber apoio psicológico, quebrando o ciclo da violência. Também é necessário um programa voltado aos agressores, para evitar a reincidência da violência”, orientou a delegada Letícia Mobis.
Além dos casos de violência entre marido e mulher, outro tipo de violência que tem sido registrada em Três Lagoas é de filhos agredindo as próprias mães, principalmente quando são dependentes químicos que exigem dinheiro dos familiares para comprar drogas e, ao não conseguirem, partem para a agressão. A polícia tem efetuado várias prisões em flagrante nesses casos.
Muitas agressões afetam o psicológico das mulheres, incluindo comentários sobre a aparência física delas. Em Três Lagoas, há uma média de quatro prisões por semana relacionadas à violência doméstica, principalmente aos finais de semana, quando os maridos estão em casa e consomem bebida alcoólica. Em alguns casos, o suspeito tem direito a pagar fiança; em outros, não, permanecendo preso por desobediência às medidas protetivas, por exemplo. A prisão ocorrerá independentemente da vontade da vítima.