Após cinco anos de casamento, a psicóloga Vera Lúcia Ferreira (nome fictício) carrega marcas no corpo e na alma. Ela foi vítima de agressões frequentes do marido e decidiu romper o ciclo da violência. Procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) e registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica.
O caso de Vera se soma a uma estatística preocupante: entre janeiro e março de 2025, 229 mulheres foram vítimas de agressões em Três Lagoas. Isso equivale a pelo três ocorrências por dia. “No começo, ele era carinhoso e amoroso. Mas quando comecei a trabalhar, tudo mudou. Se tornou agressivo, possessivo e, por qualquer motivo, me ofendia verbalmente. Depois vieram os tapas, socos e chutes. Cheguei a perdoá-lo algumas vezes, até que um dia ele tentou me enforcar. Se eu não tivesse saído de casa, poderia ter morrido”, relatou a vítima, descrevendo os momentos de terror que viveu.
Os números da violência doméstica são alarmantes. Em 2024, 984 mulheres sofreram agressões no município, segundo o setor de estatística da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS). No estado, apenas nos primeiros meses de 2025, 3.623 casos já foram registrados. Em nível nacional, estima-se que uma mulher sofra algum tipo de violência a cada quatro horas.
DIA DA MULHER
Diante desse cenário, o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, chega mais uma vez carregado de simbolismo, luta por direitos e um pedido urgente por segurança e proteção.
A delegada Sayara Quinteiro Martins, titular da DAM de Três Lagoas, alerta que os números podem ser ainda maiores, pois muitas vítimas não denunciam. “Ciúmes excessivos, xingamentos, manipulações, agressões e ameaças fazem parte da realidade de muitas mulheres. A violência pode ser física, verbal ou psicológica, mas todas deixam marcas profundas”, enfatizou.
Para denunciar casos de violência doméstica, as vítimas podem procurar a Delegacia de Atendimento à Mulher, ligar para o Disque 180 ou acionar a Polícia Militar