Nesta sexta-feira, dia 10 de maio, é celebrado o Dia Mundial do Lúpus, uma doença sistêmica, crônica, autoimune e que não tem cura. Descoberta em 1940 e posteriormente incluída na lista de doenças raras, os pacientes diagnosticados requerem acompanhamento médico vitalício.
A auxiliar administrativa Gabriela Perboni é uma pessoa que sempre observa os sinais que o corpo apresenta. Um dia, ela notou que algo estava errado, quando uma ferida surgiu de forma repentina. Após exames, foi confirmado que era lúpus. “Eu suspeitei de alguma doença de pele, procurei um dermatologista e ele me pediu uma bateria de exames de sangue. Deu tudo normal, o único alterado foi o FAN positivo, que indica doença reumatológica. O médico me encaminhou para o reumatologista”.
O FAN é um exame de sangue utilizado para detectar a presença de autoanticorpos, que são componentes do sistema imunológico que podem atacar células e tecidos saudáveis do organismo. Esse exame é recomendado para investigar possíveis doenças autoimunes em pacientes que apresentam sintomas.
Ao ser diagnosticada, Gabriela teve que adaptar a rotina e cuidar de si mesma com atenção redobrada. A doença já estava em estágio avançado, exigindo o uso de medicamentos corticoides, que podem ter efeitos colaterais. No entanto, o quadro clínico dela foi revertido com o tratamento.
Cerca de dois anos após o diagnóstico, a doença está controlada. “Eu levo a vida normalmente, as vezes eu sinto dores, mas tomo remédio e logo passa. A única exceção que eu vivo é em relação à exposição ao sol, que me causa lesões e pode ativar a doença. Também me cuido para não ficar doente, pois lúpus acaba entrando em atividade, com dores e lesões”, explica Gabriela.
O Dia Mundial do Lúpus é uma data importante sobre a conscientização dessa condição. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a doença atinge cerca de 65 mil brasileiros, principalmente mulheres entre 20 e 45 anos.
O lúpus pode ser classificado em três níveis, sendo leve, moderado e grave. Os sintomas podem variar entre febre, perda de peso, queda de cabelo, dores articulares e fotossensibilidade muito intensa, que causa lesões na pele e vermelhidão, como no caso de Gabriela.
Em estágios avançados, a doença pode evoluir para anemia, serosite, derrame, fibrose pulmonar, convulsões, alucinação, entre outros agravos no sistema neurológico. Em muitos casos, os rins também podem ficar comprometidos, como explica a médica reumatologista clínica, Joara de Paula. “O acometimento renal acontece em cerca de 30% dos afetados pela doença. É considerado grave pois pode levar a insuficiência renal e o paciente evoluir para a diálise, depois é transplante. Quando isso ocorre, deve ser tratado imediatamente, com indução no tratamento e manutenção por 3 a 5 anos. Se o paciente ficar sem medicação, pode ocorrer uma perda renal”.
Joara explica que o lúpus é uma doença multifatorial e o diagnóstico pode estar relacionado com diversas causas desde o nascimento, como a predisposição genética, alterações no sistema imune, infecções que o paciente teve o longo da vida e o meio em que ele vive.
Embora as mulheres sejam mais propensas a desenvolver a doença, ela pode afetar outros grupos. Como em crianças e jovens com menos de 18 anos, a situação costuma ser mais grave. O mesmo ocorre com os homens. É raro pacientes com mais de 50 anos serem acometidos com o lúpus, mas, segundo a reumatologista, pode acontecer.
Com os avanços da ciência, os pacientes já podem utilizar medicamentos biológicos, que contribuem ainda mais para a remissão da doença. No entanto, eles ainda não estão disponíveis na rede pública de saúde e são de difícil acesso.
Em Três Lagoas, além do acompanhamento médico, alguns medicamentos essenciais para o tratamento estão disponíveis de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Um exemplo é a hidroxicloroquina, fundamental no controle da doença, agindo para evitar a reativação e podendo manter os efeitos por meses ou anos. É importante ressaltar que o uso desses medicamentos deve ser sempre orientado por um profissional de saúde.
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