Neste mês, é celebrado a campanha Janeiro Roxo, que visa a prevenção e diagnóstico precoce da hanseníase. Uma das doenças mais antigas do mundo, com relatos datados do século VI a.C., a hanseníase ainda carrega estigmas, mas, com os avanços da medicina, pode ser curada em até um ano.
A dermatologista Maria Angélica Gorga explicou que, desde a década de 80, o tratamento foi simplificado com o uso de três medicamentos, reduzindo o tempo de tratamento, que antes era vitalício. Contudo, o maior desafio ainda está no estigma social, com casos de rejeição familiar, como o de um paciente cuja esposa se distanciou dele emocionalmente após o diagnóstico.
Em 2023, foram diagnosticados cinco casos de hanseníase em Três Lagoas, número que subiu para 14 em 2024. Dos novos casos, cinco são graves, devido à demora no tratamento. A coordenadora do programa municipal de controle da doença, Thayse Cerzósimo, alertou para o medo de rejeição, que impede muitos pacientes de procurarem ajuda. A campanha Janeiro Roxo tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de buscar tratamento, que é gratuito pelo SUS.
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, com uma média de 20 mil novos casos diagnosticados anualmente. A doença é transmitida por gotículas de saliva e os principais sintomas são manchas na pele e dormência. Após um mês de tratamento, a doença deixa de ser contagiosa.
O diagnóstico e tratamento são gratuitos em qualquer unidade de saúde de Três Lagoas, e o tratamento completo dura entre seis meses e um ano, dependendo da gravidade do caso. Mesmo após a cura, algumas sequelas podem permanecer, como perda de movimentos devido ao ataque aos nervos, mas a grande maioria dos pacientes se recupera totalmente.