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Racismo

Especialistas comentam sobre desafios para garantir equidade no atendimento

O debate sobre o assunto continua nesta terça-feira (19), às 19h, no auditório do Câmpus II da UFMS.

O Brasil celebra o Dia da Consciência Negra na próxima quarta-feira (20), uma data que busca refletir sobre o impacto histórico e social do racismo em diversas áreas, incluindo a saúde. Em entrevista no programa RCN Notícias, na Rádio Cultura FM, com transmissão simultânea na TVC HD, Canal 13.1, o professor Edirlei Machado e o médico Vinícius Neves, ambos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), discutiram os desafios do racismo estrutural e suas consequências para a saúde da população negra, destacando iniciativas em andamento e a importância de ações antirracistas. 

O racismo, afirmam os especialistas, vai além de práticas discriminatórias explícitas. Dados epidemiológicos mostram que pessoas negras enfrentam maior incidência de problemas de saúde e maior dificuldade de acesso a serviços essenciais. Mulheres negras, por exemplo, têm taxas de mortalidade materna significativamente superiores às de mulheres brancas, um reflexo da desigualdade estrutural. 

Segundo Edirlei Machado, é fundamental entender o racismo como um determinante social da saúde. “Não se trata apenas de questões genéticas, como a maior incidência de doenças como a anemia falciforme, mas de condições sociais que colocam a população negra em desvantagem”, explica o professor. Ele destaca que fatores como estigma, preconceito e discriminação afetam diretamente o acesso e a qualidade do atendimento. 

Para o médico Vinícius Neves, o estresse crônico causado pelo racismo é um fator-chave. “Pessoas negras enfrentam uma carga emocional enorme, que se manifesta fisicamente em condições como hipertensão e problemas cardíacos. Esse estresse começa cedo e está presente em situações cotidianas, como ser julgado ao entrar em um mercado ou buscar um serviço público”, relata. 

A UFMS e as Faculdades Integradas de Três Lagoas, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, desenvolvem o projeto “PET-Saúde/Equidade”, que busca sensibilizar profissionais da saúde e formar novos profissionais com um olhar mais atento às questões raciais. “A formação precisa abordar as questões étnico-raciais como parte essencial do currículo, para que os futuros médicos e enfermeiros compreendam o impacto do racismo na saúde de seus pacientes”, destaca Edilei Machado. 

Além disso, políticas nacionais, como a Política de Saúde Integral da População Negra, de 2009, oferecem diretrizes importantes, mas enfrentam desafios na implementação prática. “Precisamos que essas políticas saiam do papel e se traduzam em atendimento de qualidade para todos”, complementa Vinícius Neves. 

O debate sobre saúde da população negra continua nesta terça-feira (19), às 19h, no auditório do Câmpus II da UFMS, localizado na avenida Ranulpho Marques Leal, 3484 – Distrito Industrial, em Três Lagoas. O evento, aberto ao público, abordará questões como racismo estrutural e equidade no atendimento médico, buscando promover a conscientização e identificar soluções. 

“Combatemos o racismo sendo antirracistas, desconstruindo práticas e percepções enraizadas na nossa sociedade. É um trabalho coletivo, que envolve profissionais da saúde, educadores, gestores públicos e toda a sociedade”, reforça Edilei.