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Dois meses

Restaurante Universitário permanece fechado e estudantes da UFMS de Três Lagoas protestam

A interdição aconteceu após a identificação de irregularidades

As refeições custavam R$3,00 para os alunos da universidade - Reprodução / RCN 67
As refeições custavam R$3,00 para os alunos da universidade - Reprodução / RCN 67

O restaurante universitário (RU) do campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Três Lagoas está interditado há dois meses. A interrupção aconteceu após a suspensão do contrato com a empresa responsável pelo serviço, devido a indícios de irregularidades administrativas e criminais, como apontado pela Procuradoria Federal.

Enquanto a investigação segue, os estudantes precisam lidar com o impacto direto da falta do RU no dia a dia. O problema afeta principalmente quem cursa disciplinas em período integral, como é o caso da estudante de Enfermagem Ana Carolina Oliveira. “Faz muita diferença, eu era uma usuária do RU todos os dias. Está muito complicado, eu estou tendo que ir em casa durante o almoço. Eu moro perto do cemitério. Porque não dá para enfrentar a fila dos microondas na hora do almoço. O tempo é muito curto e a aula volta rápido”.

A universidade informou que oferece um auxílio-alimentação no valor de R$ 300 para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, desde que estejam com o cadastro aprovado no edital. No entanto, menos de 20% dos usuários do RU foram contemplados: apenas 160 dos cerca de 1.300 estudantes que utilizavam o restaurante diariamente.

Maicon Luís Dias, aluno do último ano de História e membro do movimento estudantil “Levante Popular da Juventude”, destaca que o RU era essencial para seguir os estudos longe da família. Dias recebe uma bolsa da faculdade no valor de R$700,00, por participar de um programa estudantil, mas relata que não é o suficiente para se manter fora de casa.

Estudantes realizaram protestos pacíficos dentro da Universidade Federal – Reprodução / RCN 67

Os alunos realizaram manifestações e protestos, assim como tentaram contato com instituições oficiais e a Política Federal. “A manifestação contou com cerca de 100 anos, realizamos uma assembleia, enviamos ofício para a direção e para reitoria da faculdade, mas não obtivemos resposta. Fomos a Polícia Federal, porque a universidade insiste em dizer que é a PF que interditou o restaurante e lá eles disseram que não”, explicou Maicon.

Alguns alunos relataram à equipe de reportagem que sofreram retaliações por cobrar soluções para o fechamento do restaurante. Para muitos, o valor recebido por bolsas, como o Programa de Educação Tutorial (PET), não cobre os gastos básicos. O RU, com refeições a R$ 3, era uma alternativa crucial.

Segundo a UFMS, o auxílio está sendo pago de forma retroativa e permanecerá vigente enquanto o restaurante estiver fechado. O diretor de Assuntos Estudantis, Edilson Zafalon, garantiu que todos os estudantes com necessidade comprovada receberam o benefício. “Com muita governança, a UFMS irá garantir o auxílio a todos estudantes que necessitam”. A reitoria ainda não anunciou uma data para reabertura do restaurante universitário ou contratação de nova empresa prestadora do serviço.