No ano de 2023, em Três Lagoas, 208 crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos se tornaram mães. Destes nascimentos, seis bebês morreram por complicações pós-parto, segundo dados do Ministério da Saúde. No estado de Mato Grosso do Sul, a maternidade precoce atingiu o número 4.963 meninas entre 15 e 19 anos, outros 251 partos foram registrados em crianças de até 14 anos. Ao todo, 66 crianças morreram por complicações diversas, no ano passado.
O número elevado preocupa autoridades de saúde. Segundo a ginecologista e obstetra Liliane Mariano, a gravidez na adolescência é considerada de alto risco, tanto para a mãe, quanto para o bebê. “Esta jovem pode desenvolver uma pré-eclâmpsia, que aumenta a pressão sanguínea, e o diabetes gestacional. O risco de partos pré-maturos também é muito grande. Estes fatores podem trazer desdobramentos ruins, pois tanto a mãe, quanto o bebê correm risco de morte. Fora isso, é muito comum que os bebês desenvolvam síndromes como o autismo e, também, o transtorno de déficit de atenção (TDAH).”
Em muitos casos, a responsabilidade sobre o bebê recai apenas para as mães, o que sobrecarrega psicologicamente estas jovens. Segundo a neuropsicóloga Cláudia Moreira, a estrutura social é uma das grandes causas para este problema. “A cultura brasileira, que é muito machista, preserva o homem. Mas a responsabilidade é dos dois. A mãe jovem que cria o filho sozinha enfrenta julgamentos e o peso da culpa, o que pode causar diversos transtornos, como ansiedade e depressão.”
Devido a alta taxa de natalidade entre jovens registrada no local, a unidade básica de saúde do bairro Novo Oeste, em Três Lagoas, adotou um programa de implantação de DIU intrauterino, de forma gratuita, para estimular os métodos anticoncepcionais nas mulheres. O dispositivo é um dos principais meios que auxiliam as mulheres que estão em idade fértil e vida sexual ativa. Desde 2022, quando o programa foi implantado, cerca de 180 mulheres já aderiram ao procedimento.