Um levantamento realizado pelo governo de Mato Grosso do Sul identifica os principais pontos a serem melhorados pelas administrações municipais e estadual. Segundo o Relatório da Vulnerabilidade Social, a gravidez precoce é o principal problema socioeconômico de Três Lagoas. O estudo preliminar indica que 22% das adolescentes já são mães ou estão grávidas.
O levantamento, realizado pela Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, divide as avaliações em três eixos: infraestrutura, capital humano, e renda e trabalho, resultando na média do índice geral.
Uma jovem mãe de dois filhos, que preferiu não ser identificada, precisou interromper os estudos para cuidar das crianças. Sem concluir o ensino médio, ela tem encontrado dificuldades para entrar no mercado de trabalho. “Eu não consegui trabalhar nenhuma vez depois que eu tive o meu primeiro filho. Eu tentei, mas era muito difícil, pois não tinha com quem deixar as crianças. Também tem a questão da disponibilidade de horário que as empresas exigem", ela relata.
Essa situação é comum entre muitas jovens menores de 18 anos em Três Lagoas, algo que chama a atenção. Para a secretária de Assistência Social, Daiane Mateus, o quadro é alarmante. “Como Assistência Social, realizamos um trabalho de orientação tanto para as famílias quanto para as próprias adolescentes. Acredito que a Secretaria de Educação, onde muitas dessas adolescentes ainda estão inseridas na fase escolar, e a Saúde, que promove campanhas e distribui anticoncepcionais e camisinhas, também desempenham papéis importantes. Apesar de nossos esforços, o número de casos de gravidez precoce continua alarmante e preocupante, pois se trata de uma criança cuidando de outra criança. Nossa preocupação agora é alcançar essas adolescentes, pois muitas vezes elas têm acesso à informação, mas não a absorvem. Saber que existem métodos contraceptivos é uma coisa; saber como usá-los para evitar a gravidez precoce é outra”.
Três Lagoas está em uma situação de média vulnerabilidade, de acordo com o superintendente de dados da Secretaria Executiva de Gestão Estratégica e Municipalismo (Segem), Leandro Sauer. “O município apresenta um índice de vulnerabilidade social de 0,33, classificando-a como de média vulnerabilidade. Esse indicador é a média das três dimensões analisadas. Na dimensão de infraestrutura urbana, Três Lagoas possui um índice de 0,27, indicando baixa vulnerabilidade. No indicador de capital humano, que envolve aspectos de saúde, a cidade apresenta alta vulnerabilidade com um índice de 0,46. No quesito renda e trabalho, o índice obtido foi de 0,26”, explica.
Além da gravidez precoce, o estudo destaca outros desafios para Três Lagoas:
- O número de mães chefes de família que recebem meio salário mínimo per capita e a quantidade de chefes de família com baixa escolaridade, que chegam a 20,5%.
- O número de jovens em empregos informais, que atinge 15,9% dessa população.
- O número de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos que não frequentam a escola, chegando a 13,9%.
A secretária Daiane Mateus afirma que os problemas apontados serão combatidos com maior efetividade dos serviços assistenciais já em execução. “Acredito que não precisamos criar novos programas, mas sim fortalecer e implementar os que já existem. Utilizamos um setor de vigilância que mapeia informações sobre os bairros, identificando áreas com maior acesso a serviços, vítimas de violência, população idosa e adolescente. Esses dados nos ajudam a direcionar nosso planejamento e concentrar esforços em serviços específicos. Para resolver essas questões, precisamos transformar informação em conhecimento e, em seguida, aplicar esse conhecimento de maneira eficaz em nossos serviços”.
Por outro lado, o levantamento também apresenta índices positivos para o município:
- 98,9% da população com baixa escolaridade está em empregos informais;
- 98,6% dos três-lagoenses estão empregados;
- 94,8% das casas têm serviço de coleta de lixo regularmente;
- 92,7% da população é alfabetizada;
- 90,6% das residências têm cobertura da rede de água e esgoto.
Confira a reportagem abaixo: