Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a neurocientista e biomédica Emanoele Freitas percebeu dificuldades na comunicação do filho, Eros Micael, aos 2 anos. Inicialmente, ele recebeu um diagnóstico equivocado de surdez profunda, corrigido apenas aos 5 anos, quando exames indicaram que o menino tinha Transtorno do Espectro Autista (TEA). Atualmente, aos 21 anos, ele apresenta um grau elevado de suporte (nível 3), o que impactou sua trajetória escolar.
Eros estudou até o ensino fundamental, com apoio de mediadores e salas multidisciplinares. “Na escola pública, tive melhor acolhimento e profissionais dispostos a trabalhar o desenvolvimento dele”, conta Emanoele. Apesar das dificuldades cognitivas, o foco foi trabalhar sua autonomia, dentro das limitações impostas pelo transtorno.
A diretora-executiva do Instituto NeuroSaber, Luciana Brites, explica que o TEA envolve dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos. O grau de suporte varia entre níveis 1, 2 e 3, conforme a necessidade de apoio. Segundo ela, o diagnóstico precoce é fundamental. “A alfabetização pode ser mais desafiadora, mas é possível. O ensino regular deve adaptar-se às necessidades individuais dos alunos autistas”, afirma.
A realidade educacional também é desafiadora para Isabele Ferreira, moradora da Ilha do Governador (RJ), mãe de duas crianças autistas. Seu filho, Ângelo, de 3 anos, tem autismo moderado (nível 2), e a filha, Pérola, de 7 anos, apresenta autismo leve (nível 1) e epilepsia. A busca por diagnóstico e tratamento foi essencial para ambas as crianças, que frequentam escolas municipais com apoio de mediadores e psicopedagogos.
A Política Nacional de Educação Especial, vigente desde 2008, visa garantir a inclusão escolar de estudantes com deficiências. Dados do Censo Escolar de 2022 indicam que 89,9% das matrículas do público-alvo da educação especial estão em classes comuns, mas apenas 36% das escolas possuem salas de recursos multifuncionais para atendimento especializado. A educação inclusiva ainda enfrenta desafios estruturais, demandando capacitação docente e suporte adequado para garantir a aprendizagem efetiva desses alunos.
*Com informações da Agência Brasil