Veículos de Comunicação

Especial

Dia do Comerciário: Ivete completa meio século trabalhando no comércio de Três Lagoas

Em 30 de outubro é celebrado o Dia do Comerciário

Há 50 anos, a então jovem Ivete Barbosa Gobira da silva, com apenas 18 anos, iniciava sua trajetória no comércio de Três Lagoas. De carteira assinada pela primeira vez, ela dava os primeiros passos na Lojas Pernambucanas, no Centro da cidade, onde logo mergulharia no universo do atendimento ao cliente, das métricas de tecidos e da precisão manual que o ofício exigia. Hoje, aos 68 anos e já aposentada, Ivete continua ativa na mesma loja, mantendo o brilho no olhar de quando começou. Seu amor pelo que faz e pelo contato com pessoas é algo que permanece inabalável, refletindo a paixão de quem acredita no poder do trabalho.

A primeira coisa na vida é que eu acho que o trabalho te devolve tudo o que você precisa. Tem que gostar de gente, entender gente, porque atender é fácil, entender é mais difícil“, diz Ivete, resumindo o que considera o segredo de sua longevidade no comércio.

Ao longo dessas cinco décadas, Ivete testemunhou grandes transformações, tanto no setor varejista quanto na própria cidade de Três Lagoas. Ela relembra, por exemplo, a época em que a Pernambucanas vendia quase exclusivamente tecidos. “Quando comecei, o varejo era praticamente só tecido. Hoje, é muito mais variado, mas minha especialidade sempre foi tecidos, cortar, medir“, comenta Ivete, que se orgulha do ofício aprendido. Naqueles tempos, o trabalho era manual e exigia enorme atenção. Cada nota era escrita à mão, as vias dos carnês eram preenchidas com carbono, e tudo demandava um esforço que hoje, com o digital, parece inimaginável. “Hoje é uma facilidade imensa, tudo mudou tanto que até estranha, mas a gente aprendeu muito com isso. Aprendizado que você leva pra vida”, reflete.

Ivete tornou-se uma figura familiar para muitos moradores de Três Lagoas, atendendo não apenas clientes fiéis, mas suas famílias e até seus descendentes. “Já atendo uma terceira geração. Gente que chega e diz: ‘Ivete, sou neto da dona fulana’. Fico lisonjeada, alguém ainda me conhece, me chama pelo nome”, conta ela, visivelmente emocionada com os laços construídos.

Para Ivete, o comércio é uma das maiores escolas da vida. Muitos dos colegas que começaram com ela no comércio seguiram para outras áreas e se tornaram empreendedores, mas com a base adquirida nesse primeiro contato com o público e com o trabalho direto com pessoas. “É a porta de entrada para qualquer profissão. O advogado vende seu serviço, o médico também, e no comércio você aprende isso desde o início. É a profissão mais importante, mas as pessoas ainda não valorizam como deveriam“, ressalta o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio, Eurides Silveira, que vê Ivete como uma inspiração.

Com toda essa bagagem, Ivete deixa conselhos para quem deseja seguir carreira no comércio: “Você precisa se especializar em pessoas e entender que o cliente não é um problema, ele é seu salário, sua vida financeira”. Para ela, a receita do sucesso é saber ouvir e aprender com cada experiência.

Ivete não apenas acompanhou as transformações de Três Lagoas e do comércio ao longo desses 50 anos; ela se adaptou a cada nova fase, demonstrando uma disposição ímpar para evoluir junto com o mercado. Seu legado é uma inspiração para as novas gerações de comerciários, que, como ela, desempenham um papel fundamental na sociedade.