A inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho é um tema que vem ganhando destaque no debate sobre diversidade e inclusão no ambiente corporativo. Empresas de diferentes setores começam a perceber o valor de contratar profissionais neurodiversos, que trazem novas perspectivas e habilidades únicas para suas equipes.
O jovem Emanuel Wagner, de 21 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), trabalha em uma fábrica de tecidos desde março de 2023, em Três Lagoas. Ele contou à reportagem sobre a jornada em busca de uma oportunidade, na cidade.“Na verdade, está sendo meu primeiro emprego. Primeiro, a minha mãe fez os currículos, e ela fez currículos não só pra essa firma, mas também para outras empresas, como supermercados. E aí foi aqui que eles aceitaram, e aí eu estou trabalhando até hoje”, comentou o jovem.
A mãe de Emanuel, Cíntia Santos, também compartilhou um pouco sobre a jornada do filho no dia a dia. Criado em uma família humilde e nascido em uma fazenda, Emanuel enfrentou desafios quando se mudou para Três Lagoas. Cíntia contou que ele teve que buscar um diagnóstico formal de autismo em Londrina, no Paraná, e que a adaptação na escola foi relativamente tranquila, apesar de algumas dificuldades naturais. “Ele sempre foi um bom aluno, teve suas dificuldades, como qualquer outro adolescente, para ser aceito e bem-visto, mas nunca deu trabalho”, comentou a mãe.
No entanto, entrar no mercado de trabalho não foi fácil. Ela revelou que, em várias ocasiões, Emanuel fez entrevistas e recebeu promessas de retorno que nunca se concretizaram. “Essa empresantos foi uma porta muito grande para ele, porque a gente já estava meio frustrado. No comércio é muito difícil”, desabafou Cíntia.
Embora a contratação de pessoas autistas traga inúmeros benefícios para as empresas, como novas perspectivas e soluções inovadoras, a realidade é que a inclusão ainda é um desafio significativo. A diretora da Associação de Pais e Amigos dos Autistas de Três Lagoas (Ama), Glaucia de Paula, destaca que as oportunidades para esse público na cidade ainda são poucas. “A inserção no mercado de trabalho está a passos lentos. Precisamos que as indústrias e empresas de Três Lagoas abram mais oportunidades para que realmente incluam os autistas no mercado de trabalho”, afirmou a diretora.
Ela também ressaltou a importância de as empresas se adaptarem para acolher esses profissionais, aproveitando suas habilidades e alta capacidade de concentração. “As adequações são extremamente necessárias, e as empresas estão começando a perceber o potencial dessas pessoas”, acrescentou.
Leis que apoiam a inclusão
A inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho é respaldada pela Lei 12.764 de 2012, conhecida como Lei Berenice Piana, que assegura a participação de pessoas com deficiência em oportunidades de trabalho. Mais recentemente, uma nova legislação foi sancionada em 4 de outubro pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, para reforçar a inclusão de autistas no mercado de trabalho.
Essa nova lei altera a Lei nº 13.667, de 17 de maio de 2018, e impõe que o Sistema Nacional de Emprego (SINE) adapte sua infraestrutura e equipe de acordo com as normas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, a legislação promove a realização de feiras de emprego e iniciativas para sensibilizar empregadores quanto à contratação de pessoas com transtorno do espectro autista.
Confira a reportagem completa abaixo: