Imagine um escultor sem argila, um pintor sem tintas, um músico sem notas. Um escritor sem leitura é exatamente isso: um artista sem material para criar. A leitura não é apenas um passatempo ou uma obrigação acadêmica, mas o combustível essencial para a criatividade, o repertório que transforma palavras soltas em narrativas envolventes. Como Paulo Freire nos lembra, “É preciso que a leitura seja um ato de amor.” E é desse amor pela leitura que nasce a escrita autêntica e inovadora.
Escrever bem não é apenas conhecer gramática ou ter um vocabulário extenso, mas saber contar histórias que prendem a atenção e despertam emoções. Todo grande escritor, redator ou criador de conteúdo tem um traço comum: a leitura como hábito inseparável. A leitura não só expande o vocabulário e melhora a técnica, mas ensina a observar o mundo sob diferentes perspectivas, a interpretar entrelinhas e a criar conexões inesperadas. A criatividade, afinal, não surge do nada – ela se constrói com base nas referências e nas experiências absorvidas ao longo do tempo.
A publicidade e o marketing, por exemplo, são terrenos férteis para quem domina a arte da escrita criativa. As grandes campanhas publicitárias não são feitas apenas de boas ideias, mas de histórias bem contadas, de frases que capturam a essência do público e o convencem em poucos segundos. Quem lê muito tem mais facilidade para criar slogans impactantes, construir narrativas persuasivas e inovar na comunicação. Como Mario Quintana bem disse:
“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”
No entanto, estamos na era da distração, onde a leitura profunda tem sido substituída pelo consumo rápido de informações fragmentadas. Pulamos de manchete em manchete, lemos trechos soltos, absorvemos frases curtas sem contexto e, muitas vezes, nos contentamos com resumos em vez de nos perdermos nas páginas de um bom livro. O problema é que essa superficialidade afeta diretamente a capacidade de escrever bem. Quem lê apenas o básico, escreve o básico. Quem se aprofunda na leitura, tem ferramentas para construir textos ricos, instigantes e criativos.
A leitura é um exercício de empatia. Ao entrar em um livro, somos convidados a enxergar o mundo por meio dos olhos de outras pessoas, a viver experiências que não são nossas, a sentir emoções que talvez nunca experimentaríamos na realidade. Jorge Luis Borges expressou isso de forma brilhante ao dizer: “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca.” Essa imersão em diferentes realidades se reflete diretamente na escrita: um autor que lê com atenção escreve com sensibilidade, um publicitário que se inspira em boas histórias cria campanhas memoráveis, um jornalista que tem um repertório amplo consegue relatar os fatos com mais profundidade.
Quem deseja se destacar no mercado da comunicação precisa transformar a leitura em um hábito constante. A escrita criativa não nasce da sorte, mas da soma de vivências, referências e conhecimento acumulado. Se queremos escrever melhor, precisamos ler mais – e ler com envolvimento, curiosidade e senso crítico.
No final das contas, toda grande ideia nasce de uma leitura bem-feita, de uma história que nos marcou, de um texto que nos fez pensar. Quem lê de verdade não apenas escreve melhor, mas comunica com mais impacto, prende a atenção e transforma palavras em experiências inesquecíveis. Então, se a criatividade anda travada, a escrita parece sem brilho ou falta inspiração para criar algo novo, talvez a solução seja simples: abrir um livro e deixar-se levar por suas páginas.