Em março, o Governo de Mato Grosso do Sul determinou o recolhimento de exemplares do livro "O Avesso da Pele" de escolas estaduais, incluindo as unidades em Três Lagoas. A justificativa era de que o conteúdo do livro tinha jargões que inviabilizavam a utilização pedagógica em ambiente escolar, e seriam levados para um acervo da Secretaria de Educação.
Quase dois meses depois da decisão, o governo voltou atrás e orientou o retorno destes exemplares às bibliotecas. Em nota, a secretaria afirmou que a obra foi analisada por uma equipe técnica e deve conter orientações pedagógicas quanto ao uso.
Para a professora de literatura do curso de letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Ufms), Amaya Prado, a polêmica faz parte de uma política de cancelamento muito presente, mas que pode ser aproveitada como oportunidade para ganhar conhecimento sobre o tema.
A pesquisadora também acredita que a polêmica pode chamar a atenção para outras obras que também estão passando pela mesma situação, mas ainda não ganharam a mesma repercussão. A decisão da devolução da obra foi anunciada há 15 dias pela secretaria de estado de educação, e agora as escolas estaduais de três lagoas aguardam a chegada do livro às prateleiras.
O livro “O Avesso da Pele” foi escrito pelo autor Jeferson Tenório, e conta a história de um jovem negro que vivencia situações de racismo estrutural em relações interpessoais. O livro foi vencedor do prêmio Jabuti de Literatura Nacional, em 2021. O Programa Nacional de Livro Didático incluiu a obra nos exemplares a serem distribuídos para as escolas no ano de 2022.
A polêmica se deu após uma diretora escolar no Rio Grande do Sul apontar linguagem imprópria no conteúdo, e foi seguida por políticos de diversos estados, assim como Mato Grosso do Sul, os governos de Goiás e Paraná haviam recolhido o material das escolas, mas já determinaram a devolução no mês passado.
Confira na reportagem abaixo: