Durante o período da Páscoa, o comércio costuma registrar alta nas vendas de ovos de chocolate, presentes e outros produtos temáticos. As vitrines se enchem de cores, e as campanhas publicitárias ganham destaque. No entanto, para as religiões cristãs, o verdadeiro significado da Páscoa vai muito além do apelo comercial.
A data, considerada a mais importante do calendário cristão, é celebrada como símbolo de fé, ressurreição e renovação espiritual. Tanto para os evangélicos quanto para os católicos, a Páscoa representa uma passagem — da escravidão para a liberdade, da dor para a esperança, da morte para a vida.
Uma tradição de fé e libertação
Segundo o pastor Fabrício Floriano, da Igreja Evangélica Comuel, a origem da Páscoa está no Antigo Testamento, quando o povo de Israel foi libertado da escravidão no Egito. A travessia do Mar Vermelho e a orientação divina para marcar as portas com o sangue do cordeiro representaram o livramento do povo de Deus.
Para os cristãos evangélicos, essa libertação encontra seu cumprimento em Jesus Cristo.
“Jesus é a nossa Páscoa. Ele morreu, ressuscitou, e nós comemoramos isso. A libertação do povo de Deus no passado se tornou a nossa libertação hoje, em Cristo”, explica o pastor.
Durante o mês de abril, considerado um período especial de reflexão, as programações das igrejas evangélicas costumam incluir estudos em grupos menores, apresentações temáticas e cultos especiais voltados à mensagem da cruz. O objetivo é manter viva a memória do sacrifício de Jesus e reforçar a importância de sua ressurreição.
No entanto, o pastor também faz um alerta: embora muitos conheçam o significado da Páscoa, nem todos vivem essa verdade.
“Falta essa mudança de coração. Falta mais amor nas famílias, mais prática da fé no cotidiano”, afirma Fabrício.
Páscoa: o centro da fé cristã católica
Na tradição católica, a Páscoa é o ponto mais alto do ano litúrgico. O padre Maurício de Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, destaca que a palavra Páscoa significa “passagem”. Originalmente ligada à libertação do povo hebreu, a data é ressignificada no cristianismo pela paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Para os católicos, a celebração é vivida com profundidade ao longo da Semana Santa, que culmina no domingo da ressurreição.
“A ressurreição começa aqui. Nós já temos que viver como ressuscitados, como pessoas vivas”, afirma o padre.
A programação inclui o Tríduo Pascal, iniciado na Quinta-feira Santa com a missa da Ceia do Senhor e o ritual do lava-pés. Na Sexta-feira Santa, ocorre a celebração da Paixão e Adoração da Cruz. No Sábado Santo, a Vigília Pascal reúne elementos simbólicos como a bênção do fogo, a liturgia da palavra e a renovação do batismo.
“A celebração da Páscoa é o centro da nossa fé cristã. Jesus venceu a morte, e essa vitória precisa ser vivida todos os dias”, destaca Maurício.
Fé e sentido em tempos modernos
Apesar da presença crescente do consumo durante a Páscoa, líderes religiosos ainda enxergam nas pessoas uma busca pelo espiritual. Para o pastor Fabrício, há um esfriamento do amor e da prática da fé, como descrito nas Escrituras. Já o padre Maurício acredita que existe uma sede de Deus, especialmente entre os jovens, que buscam sentido para suas vidas em meio à rotina e às incertezas.
“Quando a gente vai à fonte, encontramos a verdade. Existe muita confusão hoje, mas também há um desejo genuíno de conhecer a fé”, pontua o padre.
Um tempo de recomeço
Embora os símbolos mais populares da Páscoa tenham ganhado força ao longo dos anos, a essência da data permanece viva entre aqueles que escolhem vivê-la com propósito. Seja pela fé, pela renovação de objetivos ou pela união com quem se ama, a Páscoa continua sendo, sobretudo, um convite ao recomeço.