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Mão de obra, urgência para o crescimento econômico

Editorial publicado no Jornal do Povo deste sábado (22)

Falta de trabalhadores pode atrapalhar o desenvolvimento de MS- Foto: ilustração/divulgação
Falta de trabalhadores pode atrapalhar o desenvolvimento de MS- Foto: ilustração/divulgação

Sem precedentes, nunca se viu no país e em grande escala a falta de mão de obra para os mais diversos setores da atividade. Não há disponibilidade para o trabalho para atender aos reclamos do mercado empregador, seja para a indústria, setor de serviços ou quaisquer outros ramos da atividade produtiva, que atualmente carecem de mão de obra qualificada.

Para agravar essa situação, não raras vezes, o empreendedor contrata e se dispõe a ensinar o ofício, mas o contratado diz, lá pelas tantas, às vezes após uma semana depois de ter iniciado suas atividades, não ter se adaptado à atividade, ou não estar disposto a aceitar as regras internas da empresa, as quais incluem pelo menos, a observância de horário de trabalho, adoção de medidas de higiene, não contato com terceiros durante a jornada e o atendimento à convocação para horas extras remuneradas, entre vários outros motivos.

Consequentemente, acaba por pedir o desligamento da empresa que o contratou, ou quando não, começa a faltar para ser dispensado, mesmo em fase de contrato de experiência. Esse é o calvário, a “via crucis” do empresário brasileiro, que tem como contra ponto nessa luta pelo preenchimento de vagas para o trabalho, uma infinidade de programas sociais que inicialmente têm por finalidade abrigar e assistir com assistência básica pessoas em situação crítica, ou seja, que não tinham oportunidade para a atividade laboral e passavam por dificuldades básicas para a própria sobrevivência.

Infelizmente, desvirtuada as finalidades dos programas sociais dos governos em todas as esferas, essa legião de amparados passou a se valer desses programas como um guarda-chuva para elegerem o ócio como meta de vida, considerando que o básico que lhes é garantido é suficiente para a própria subsistência.

Diante deste quadro que contraria as leis de oferta e demanda para assegurar o bom funcionamento da economia, é certo que passa da hora de se fazer uma revisão imediata sobre a validade de concessão e dos programas sociais que subsidiam a sobrevivência de milhares de pessoas sem escolaridade e formação qualificada de mão de obra. O empresariado procura empregar e fazer a sua parte na defesa do seu empreendimento, mas ao mesmo tempo constata que sua atividade está sendo comprometida pela falta de gente disposta ao trabalho ou qualificada para o exercício da atividade que o mercado necessita.

Somente em Mato Grosso do Sul há 25 mil vagas disponíveis para trabalhadores. E a região da Costa Leste, que tem Três Lagoas como cidade polo, é uma das que mais carece de mão de obra qualificada por conta das indústrias aqui instaladas, e do próprio comércio. Se nada for feito, poderá haver uma certa paralisia no desenvolvimento sócio econômico, sem contar outros agravantes, como o fiscal e tributário que ingressam na aplicação de novas regras.

A indústria de celulose se expande no eixo Três Lagoas – Ribas do Rio Pardo com o anúncio de duas outras unidades, uma em Inocência, em fase de construção, e outra em Água Clara. A UFN-3 – a fábrica de fertilizantes da Petrobras –, retoma sua implantação no segundo semestre deste ano. E, desde já, anuncia que precisa qualificar 4 mil novos colaboradores.

Todas as indústrias aqui instaladas no município estão empenhadas em contratar pessoas, se dispondo a qualificá-las. Mas não conseguem vencer a demanda. A Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul celebra convênio com autoridades paraguaias e o Ministério do Trabalho para atrair trabalhadores do país vizinho. Por aqui é grande a colônia de haitianos, que está suprindo setores de serviços. Mato Grosso do Sul é um estado de pouca densidade populacional com quase três milhões de habitantes e está experimentando um crescimento industrial invejável por conta da cadeia produtiva aqui instalada.

Enfim, impõe-se um choque de providências. E, certamente, além de se intensificar programas de qualificação e atração para o trabalho, também, impõe-se, a imediata revisão nos programas sociais, identificando-se aqueles que necessitam do benefício e cancelando aqueles que malandramente estão dele se valendo para continuarem no ócio às custas do contribuinte brasileiro.