Dormir pode ser fácil para alguns, mas acaba sendo um grande problema para outros. Ainda mais quando alguém passa por situações na vida que acabam complicando a relação com o sono.
Esse foi o caso da arquiteta Natascha Bustamante, após alguns problemas pessoais que estava enfrentando, ela acabou perdendo o sono e ficando noites em claro. Para aliviar o estresse e conseguir dormir direito, ela recorreu a um famoso medicamento que tem sido muito recomendado para estes casos, o Zolpidem.
Após relatos considerados como alarmantes por especialistas da área médica, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu regular e deixar mais restrita as regras para vendas do medicamento Zolpidem em farmácias e drogarias, que passam a valer a partir do segundo semestre deste ano.
O medicamento deve ser prescrito e acompanhado por um profissional da área médica, o que não foi o caso de Natascha. Ela também não se adaptou ao Zolpidem e por isso sentiu os efeitos adversos, como dores de cabeça. Quando isso ocorre, é necessária uma intervenção médica. Foi aí que ela buscou a ajuda de um psiquiatra e segue em tratamento para melhorar também o bem estar do sono.
A alucinação é uma das principais reações a quem toma o medicamento, que deve ser ingerido no último momento antes de fechar os olhos e dormir, segundo especialistas. Mas o uso descontrolado do Zolpidem tem sido visto como abuso de substância, causando vício e até casos de abstinência, conforme a bula, o uso do Zolpidem não deve ultrapassar quatro semanas.
Por isso, a Anvisa precisou intervir. Todas as miligramagens do medicamento serão incluídas na lista de tarja preta, antes, apenas a caixa de 12 miligramas se enquadrava nesta lista, a partir de primeiro dezembro, as embalagens com cinco e dez miligramas devem estar identificadas com a tarja, sendo responsabilidade dos fabricantes.
A Anvisa será a responsável pela fiscalização e controle do medicamento e das receitas. Segundo levantamento realizado pela equipe de reportagem do Grupo RCN de Comunicação, em três grandes redes de farmácias e drogarias em Três Lagoas, por mês, em média, são vendidas cerca de 200 caixas de Zolpidem, a caixa de 10 miligramas com 30 comprimidos é a que mais tem registro de saída.
Para a psiquiatra Larissa Ormeneze, o Zolpidem tem sido usado de forma incorreta na ilusão de que seria para o tratamento do transtorno de ansiedade ou depressão, o que não é, e acaba se tornando um vício se não for regulado. Em casos mais extremos, o uso excessivo pode causar internação hospitalar por crise convulsiva.
O Zolpidem continua sendo efetivo para tratar distúrbios do sono, mas em muitos casos, não conseguir dormir pode ser um alerta para problemas ainda mais profundos. Mas há outras formas não farmacológicas de dormir bem, fazer uma atividade física e reduzir o consumo de açúcar e cafeína durante a noite por exemplo, são duas medidas que podem contribuir. Outras adaptações na rotina também podem ser feitas, de acordo com a psiquiatra.
Veja na reportagem abaixo: