A situação do transporte público em Três Lagoas tem gerado indignação entre os moradores. Com ônibus quebrados, horários irregulares e motoristas mal-humorados, quem depende do serviço enfrenta dificuldades diárias para se locomover pela cidade. O problema se arrasta há anos e piorou nos últimos meses devido a uma disputa judicial que atrasou a troca da empresa responsável pelo serviço.
A moradora Donizete Figueiras, do bairro Vila Alegre, expressa sua frustração. “Tá um verdadeiro caos, né? Porque os ônibus estragam, não tem ônibus para repor. Eu cheguei no ponto às duas da tarde e só consegui sair às quatro. A gente paga para andar, mas não tem atendimento decente.”
Além da demora, Donizete denuncia o tratamento rude de alguns motoristas e a falta de infraestrutura nos coletivos. Segundo ela, a ausência de campainhas e elevadores dificulta ainda mais a vida dos passageiros, principalmente idosos e pessoas com deficiência.
Outro problema recorrente é a ausência de ônibus nos horários mais críticos, como nos fins de semana e à noite. Sua filha, que trabalha no centro, já precisou percorrer o Uber várias vezes porque os ônibus não passaram nos horários programados.
Ônibus sucateados e atrasos frequentes
Moradores de diferentes bairros relatam que os ônibus estão em condições precárias. Maria Madalena, do bairro Vila Piloto, descreve a situação. “Os ônibus são todos sucateados. Quando passam em quebra-molas, dão cada solavanco que idosos, grávidas e crianças sofrem. E os motoristas não esperam a gente sentada, já saem em disparada”.
Ela também reclamou da falta de informações e do comportamento dos motoristas. Segundo Maria Madalena, quando perguntam se o ônibus vai para destino determinado, os motoristas muitas vezes ignoram ou respondem com grosseria.
Outro ponto crítico é a irregularidade dos horários. Ônibus que deveriam passar às 8h chegam às 9h, ou simplesmente não aparecem. Quando quebram no meio do trajeto, os passageiros são obrigados a descer e continuar o percurso a pé.
Licitação vai parar na Justiça
A Prefeitura de Três Lagoas abriu uma licitação para contratar uma nova empresa para administrar o transporte público. A vencedora foi uma companhia de Corumbá, mas a segunda colocada entrou na Justiça contestando o resultado.
Enquanto o impasse não é resolvido, a empresa Raboni continua operando o serviço de forma precária. Como não participou da licitação, já havia reduzida sua frota, agravando ainda mais a situação.
Para garantir que o transporte não fosse totalmente interrompido, a prefeitura renovou o contrato com a Raboni por mais seis meses. No entanto, o serviço segue sendo alvo de reclamações.
Bairros isolados e falta de transporte para serviços essenciais
A dona de casa Cleusa da Silva, moradora do Jardim dos Ipês, relata que ficou uma semana inteira sem transporte coletivo. “A gente depende do ônibus para tudo: ir ao centro, ao posto de saúde… e ficou uma semana sem passar. Meu vizinho ficou horas no sol esperando e nada. Aqui não tem posto de saúde, farmácia ou mercado bom por perto. Como os idosos e quem não tem carro vai se virar?”
Ela também critica a condição dos ônibus, que muitas vezes quebram no meio do caminho. “Outro dia, peguei o ônibus e a roleta travou. Ficou apitando até o motorista chegar na garagem para recuperar. Esses coletivos têm que ser trocados urgentemente”.
Enquanto a situação não se resolve, milhares de moradores enfrentam atrasos, veículos quebrados e a incerteza de conseguir chegar ao destino.