Entre os dias 4 e 6 de abril de 2025, o Arnold Sports Festival South America, realizado no Expo Center Norte, em São Paulo, tornou-se palco de grandes conquistas para a luta de braço brasileira. Durante o evento, que também sediou o Campeonato Brasileiro da modalidade, a equipe de Mato Grosso do Sul surpreendeu o público e foi consagrada como vice-campeã geral da competição.
A participação foi marcada por superação, retorno de veteranos e um desempenho técnico que rendeu 15 medalhas de ouro, 6 de prata e 9 de bronze. Com esses resultados, o estado garantiu vaga para o Campeonato Mundial, que será disputado ainda este ano na Bulgária, e para o Panamericano, a ser realizado na Argentina.
Retorno de atletas impulsiona a equipe
A presença da Federação Sul-Mato-Grossense de Luta de Braço (FSMLB), da Associação Treslagoense de Luta de Braço (ATLBMS) e do Centro de Treinamento de Mato Grosso do Sul (CTMS) foi celebrada com entusiasmo. De acordo com o presidente da FSMLB, professor José Carlos Vicente Queiroz, um processo de resgate de atletas afastados foi decisivo para os resultados obtidos.
“Foi um saldo extremamente positivo. Muitos dos nossos atletas estavam sem competir há mais de duas décadas. Eu mesmo fiquei afastado por quatro anos”, declarou Queiroz. Ainda segundo ele, a união da equipe, a garra e a técnica refinada foram fatores determinantes para o bom desempenho.
Técnicas e estratégia foram diferenciais nas vitórias
Apesar de a luta de braço ser comumente associada à força bruta, os resultados mostraram que a técnica e a estratégia foram fundamentais. Um dos casos mais emblemáticos foi protagonizado por Jonatas Yudi Tashiro, que, mesmo pesando 70 kg, derrotou um oponente de 130 kg na categoria absoluta. Além disso, Yudi conquistou quatro medalhas: ouro no braço direito e esquerdo tanto no campeonato regular quanto no Brasileiro Militar.
“Cada braço exige uma técnica diferente. Na hora, avalio qual jogo usar. Técnica, percepção e mentalidade fazem a diferença”, afirmou o atleta.
Superação e nervosismo marcaram outras participações
Outros destaques incluíram Victor Eduardo de Oliveira Alves, campeão no braço esquerdo e vice no braço direito na categoria até 110 kg. Apesar do nervosismo, o atleta destacou a importância da técnica na conquista. “No braço direito, entrei desconcentrado e perdi. No esquerdo, consegui aplicar a técnica e vencer”, relatou.
Já Henrique Brandão, que voltou a competir após um hiato desde a Copa Brasil 2023, celebrou o retorno com o título no braço esquerdo e vice-campeonato no direito. “O nível estava altíssimo, com atletas que já participaram de mundiais. Mas minha preparação foi focada, e os treinos seguirão até o Panamericano”, destacou.
Próximos desafios: Panamericano e Mundial
Após o sucesso em São Paulo, os olhares da equipe agora se voltam para o Panamericano na Argentina e o Mundial na Bulgária. Três atletas de Três Lagoas já foram pré-selecionados para representar o Brasil. Os treinos continuam intensos, com apoio da Prefeitura de Três Lagoas, da SEJUVEL e da Fundesporte.
Segundo o técnico José Carlos Vicente, além do preparo físico, outros elementos vêm sendo trabalhados. “É necessário acompanhamento nutricional, fisioterápico e técnico. Com nossos parceiros e dedicação dos atletas, acreditamos que será possível conquistar ainda mais.”
A luta de braço hoje: técnica, força e estudo
A luta de braço evoluiu nos últimos anos e tem se consolidado como esporte de alto rendimento. Para José Carlos Vicente, a modalidade é composta por “55% força e 45% técnica”. O estudo do adversário, a postura corporal e o biotipo são decisivos em cada combate.
Com mais de 150 atletas no estado, sendo cerca de 40 ativos em Três Lagoas, a luta de braço sul-mato-grossense vive um dos seus melhores momentos. E, com os bons resultados recentes, o esporte deve ganhar ainda mais visibilidade e apoio.