A participação das mulheres na política ainda enfrenta desafios significativos em todo o Brasil, e Três Lagoas reflete essa realidade. No município, a atual composição da Câmara Municipal conta com apenas três vereadoras: Evalda Reis (MDB), Maria Diogo (PT) e Sirlene dos Santos (PSDB). Esse número representa uma redução em relação à legislatura anterior, quando havia cinco mulheres no parlamento municipal.
A baixa representação feminina na política é um reflexo de um problema estrutural e histórico. Embora o Brasil tenha comemorado, em 24 de fevereiro, os 93 anos da conquista do voto feminino, a presença das mulheres em cargos eletivos ainda é limitada. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, ex-prefeita de Três Lagoas, ex- vice-governadora e ex- senadora por Mato Grosso do Sul, ressaltou a importância da conquista e defendeu a ampliação da representatividade. “Em 1932, as mulheres brasileiras deram um passo importante na luta por igualdade e participação política. Mas a verdadeira mudança acontece quando as mulheres ocupam seus espaços de poder, lado a lado com os homens”, afirmou a ministra.
Tebet destacou que a desigualdade de gênero na política é um entrave ao desenvolvimento do país. Atualmente, a representação feminina no parlamento brasileiro varia entre 16% e 18%, enquanto a meta defendida por ela é de pelo menos 30%. “Não podemos aceitar menos do que isso. O Brasil precisa das mulheres”, declarou.
Apesar de algumas melhorias em nível nacional, Três Lagoas caminha na contramão. A maior representação feminina na Câmara Municipal ocorreu entre 1997 e 2000, quando oito mulheres foram eleitas. Desde então, o número só diminuiu. A única mulher a ocupar a presidência da Casa foi Wilma Luzia Lara, entre 1997 e 1998.
A vereadora Maria Diogo enfatizou que a presença feminina na política não deve se limitar ao cumprimento das cotas de gênero estabelecidas por lei. “Faz-se necessária a formação da consciência política das próprias mulheres, no sentido de defender e votar em outras mulheres que tenham representatividade e legitimidade para legislar sobre pautas femininas e políticas públicas de acolhimento para todas, independentemente da classe social”, destacou.
A vereadora Sirlene dos Santos reforçou que a luta não pode ser apenas pelo preenchimento de cotas. “Não podemos simplesmente pegar a cota porque o partido precisa das mulheres para cumprir a regra. Precisamos lutar pelo nosso espaço”, disse.
Evalda Reis, por sua vez, pontuou a necessidade de estimular a participação ativa das mulheres na política. “É triste ver essa queda no número de mulheres eleitas.
Precisamos falar com essas mulheres sobre política, sobre conquistas e sobre avanços, para que elas entendam o poder que têm. O poder de falar, de ocupar espaços e de se fazer ouvir. Seja na comunidade, na escola, nas associações de moradores. As mulheres precisam perceber a força que têm”, afirmou.
A baixa representação feminina na política também é visível em nível estadual e federal. Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, das 24 cadeiras, apenas três são ocupadas por mulheres eleitas em 2022. Na Câmara dos Deputados, composta por 513 parlamentares, apenas 91 são mulheres.