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NOB, a ferrovia do progresso

Leia o Editorial do Jornal do Povo, da edição de sábado (2)

Leia o Editorial do Jornal do Povo, da edição deste sábado (2).
Leia o Editorial do Jornal do Povo, da edição deste sábado (2). | Arquivo/JPNews

A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil quando transpôs o caudaloso rio Paraná, nos anos 20, pela ponte Francisco de Sá, desde o trecho onde tem início em Bauru, foi causa do surgimento de dezenas de cidades, proporcionando o desenvolvimento sócio econômico no interior dos estados de São Paulo e do então, Mato Grosso. Ao adentrar em nosso Estado com seus trilhos, a NOB bafejou o progresso e a prosperidade em Três Lagoas, que registrou crescimento populacional, do comércio e da pecuária. Simultaneamente, aqui se instalava na esteira da sua chegada a Feira de Gado, que tinha por finalidade incrementar a compra e venda de gado e estabelecer o justo valor pela sua comercialização, que na maioria das vezes era vendido por um preço que não correspondia ao trabalho do criador e o tempo de engorda.

Quem mais ganhava eram os compradores que triplicavam ou quadruplicavam o valor pago por cabeça, quando vendiam para frigoríficos de São Paulo e Minas Gerais. Sem contar, que o Mato Grosso não conseguia arrecadar impostos pela produção e comercialização da sua pecuária por conta de uma incipiente estrutura e política de arrecadação de tributos. Na esteira do desenvolvimento que visava o incremento do comércio de gado, a ferrovia passou a ser de fundamental importância para o escoamento da produção pecuária até os centros de abate, pois, não seriam mais necessárias as longas marchas de boiadas e nem os sacrifícios das comitivas que as conduziam até o destino final consumindo dias e dias. Além do mais, a antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – a saudosa NOB, passou a proporcionar facilidades aos viajantes que atuavam no incremento do comércio em geral para Três Lagoas e Mato Grosso adentro.

Enfim, é inquestionável que a saudosa NOB teve função civilizadora, porque seus trilhos contribuíram para o desbravamento de regiões até então consideradas inóspitas. Aqui em Três Lagoas a chegada de cada composição de trem, vinda do Estado de São Paulo e as que vinham de Corumbá, tornaram-se ponto de atração enchendo a estação ferroviária de pessoas ávidas pela chegada de um conhecido ou familiar. E, os trens de carga transportavam gado para abate e muita madeira extraída de nossas matas. O trem sempre foi considerado meio de transporte barato, sem maiores transtornos se comparado com estradas e perigos. Infelizmente, com o passar dos anos, o trem foi perdendo relevância para as rodovias, cuja utilização passou transportar com mais rapidez tudo que a ferrovia transportava. Lamentavelmente, a ferrovia foi sucateada pela administração federal até que, um dia na contramão da história e da economia, foi paralisada.

Hoje, pagamos um preço alto pelo déficit ferroviário. Equivocadamente, priorizaram o transporte rodoviário e, por conta dessa decisão, constatamos rodovias abarrotadas de caminhões, transportando insumos para a produção industrial, além de mercadorias e demais produtos oriundos de todos os setores da produção. É preciso investir e voltar a operar o sistema ferroviário que está se deteriorando mais ainda na medida que o tempo passa. O fato é que a volta dos serviços ferroviários, desafogará a BR-262. Centenas de carretas que transportam eucalipto deixarão de trafegar. Mas, a volta operacional dessa ferrovia caminha a passos de cágado. Caso nossas autoridades não reivindiquem com mais ênfase uma decisão do governo federal, o tempo continuará deteriorando mais ainda o que resta dessa ferrovia e a BR-262, com intenso tráfego de carretas e outros veículos pesados, continuará sendo palco de muitas tragédias.