Apesar de o Brasil ser o segundo país que mais realiza transplantes em 600 hospitais autorizados, a doação de órgãos ainda enfrenta resistência por parte da população. A campanha “Setembro Verde” tem o intuito de quebrar tabus e esclarecer as dúvidas sobre a doação.
O Hospital Auxiliadora (HA), em Três Lagoas, por exemplo, é uma das unidades de saúde autorizadas a realizar a captação de órgãos. No entanto, desde que a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) foi instalada, há 11 anos, apenas oito casos evoluíram para doação de órgãos, em um total de 69 notificações de mortes encefálicas na cidade.
Atualmente, mesmo que a pessoa registre a vontade de ser doadora, a escolha é realizada somente pela família. De acordo com o Ministério da Saúde, de cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar, apenas quatro acabam efetivamente realizando a doação. Um dos principais obstáculos é a recusa familiar. “Nós fazemos uma busca ativa em todos os setores para avaliar os casos, e, quando há algum suspeito de morte encefálica, conversamos com a família e abrimos o protocolo de investigação. Oferecemos uma escolha para a família. Por mais que a pessoa manifeste em papel ou documento a decisão de ser doadora, existe a escolha da família para que não haja confusão”, explicou o integrante da comissão do Hospital Auxiliadora e neurologista, Daniel Rodrigues.
Ele pontua que a morte cerebral viabiliza os órgãos, pois é possível manter o coração bombeando sangue por meio de medicação. Em Três Lagoas, a última captação ocorreu em agosto de 2023. Uma equipe de profissionais de saúde conduziu a extração, que envolveu múltiplos órgãos encaminhados para centros em Campo Grande e São Paulo. A doação só foi possível devido à aprovação da família.
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