Um bebê de dois meses de idade foi socorrido em estado de desnutrição, desidratação e com várias cicatrizes pelo corpo, possivelmente provenientes de queimaduras de cigarro. Os pais da criança foram presos no último dia 5 de dezembro, e o caso segue em investigação.
A delegada Eva Maira Cogo, responsável pelo inquérito, explicou que o caso veio à tona após o bebê ser internado no hospital local. A família precisou ir ao posto de saúde atualizar o calendário de vacinação da criança por conta de benefício social e as enfermeiras constaram desnutrição.
Profissionais de saúde acionaram o Conselho Tutelar ao constatar as graves condições do bebê, que incluíam lesões aparentes e sinais de maus-tratos. “É algo que causa grande comoção, pela fragilidade da vítima. Em 10 anos de delegacia, nunca vi algo assim com uma criança tão pequena”, afirmou a delegada.
Segundo Eva Maira, os pais, de 19 e 22 anos, apresentaram versões conflitantes sobre as condições do bebê. Enquanto o pai afirmou que as manchas surgiram uma semana antes, a mãe disse que os sinais existiam há cerca de 15 dias. Ambos alegaram ter levado o bebê ao posto de saúde, mas os relatos diferem quanto ao motivo da visita.
Relatos de familiares também apontam inconsistências. Um parente afirmou que o bebê, com menos de um mês de vida, já apresentava inchaço no rosto e manchas roxas próximas à orelha.
O exame de corpo de delito constatou lesões graves, especialmente nas orelhas, que estavam inchadas e com marcas que podem ser compatíveis com queimaduras de cigarro. Outras cicatrizes foram encontradas em diversas partes do corpo.
Diante das evidências e da gravidade da situação, foi solicitada a prisão preventiva do casal, prontamente deferida pelo Poder Judiciário. Atualmente, ambos permanecem presos.
Há indícios de que a mãe possa ser vítima de violência doméstica. Familiares relataram que ela parecia ser controlada pelo companheiro, muitas vezes incapaz de falar sozinha com agentes de saúde ou outras autoridades. No segundo interrogatório, a mulher admitiu suspeitar que o pai pudesse ser o responsável pelas lesões, mas não tomou medidas para proteger o bebê.
A delegada enfatizou que, conforme o Código Penal, os pais têm obrigação legal de cuidar e proteger seus filhos. A omissão, mesmo sem autoria direta, configura crime quando há negligência em evitar situações de risco ou agressões reiteradas.
Após uma semana de internação, o bebê recebeu alta e foi entregue aos cuidados da avó materna. Um laudo complementar foi solicitado para esclarecer pontos pendentes na investigação.