A onda de furtos de gado tem causado prejuízos significativos para pecuaristas da região de Três Lagoas. O médico e criador Jairo Queiroz, proprietário da Fazenda das Acácias, relatou que, em três episódios distintos, animais de alto valor genético foram abatidos e furtados. O mais recente ocorreu no final do mês passado, quando três novilhas Nelore puras foram alvo dos criminosos.
“Uma das novilhas teve toda a carne retirada, enquanto as outras duas foram parcialmente abatidas, gerando um desperdício ainda maior”, explicou Queiroz. Ele estima que cada animal custa, no mínimo, R$ 15 mil, além do inestimável prejuízo genético, fruto de décadas de seleção rigorosa.
Os furtos afetaram não só o bolso, mas também o trabalho de melhoramento genético, essencial para a pecuária moderna. “É um processo caro e demorado, que envolve inseminação artificial e controle técnico da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu). Essas ações criminosas atrasam anos de trabalho”, lamentou o criador.
Ação da polícia
De acordo com o delegado Regional da Polícia Civil, Ailton Pereira, o Setor de Investigações Gerais (SIG), está mobilizado para elucidar os casos. Ele destacou que, em parceria com a Polícia Militar, que mantém uma equipe dedicada ao Patrulhamento Rural, o objetivo é combater esses crimes, que aumentam em períodos de fim de ano.
Desafios
Além dos furtos, Jairo Queiroz ressaltou os desafios enfrentados pela pecuária na região, que já foi referência no estado. “Na década de 70, Três Lagoas era o terceiro maior rebanho do estado, mas hoje a atividade está em declínio por conta dos custos altos e da redução das propriedades rurais”, destaca, ressaltando que a cadeia de papel e celulose tem sido importante para os proprietários de terras, que não conseguem mais manter a produção agrícola e pecuária.
Apesar das adversidades, Jairo Queiroz permanece resiliente e admite que, aos 80 anos, já transferiu boa parte das responsabilidades aos filhos. “Ainda tenho prazer em criar e trabalhar com melhoramento genético, mas o cansaço pesa. Espero que as autoridades solucionem esses crimes, não só por mim, mas por todos os pecuaristas”, ressalta