O 2º Batalhão da Polícia Militar de Três Lagoas apreendeu quase duas toneladas de drogas, somente neste ano. A apreensão ocorreu entre os meses de janeiro e setembro, deste ano, o que corresponde a um aumento de 700% no comparativo com o mesmo período de 2023, quando foram apreendidos 239,099 kg. De acordo com levantamento obtido pela reportagem, foram registradas 42 ocorrências de tráfico, resultando em 40 prisões em 2024. No ano anterior, os policiais registraram 76 ocorrências, com 43 prisões.
O tenente da Polícia Militar, Renato Ribeiro, destacou que Três Lagoas é uma rota estratégica para o tráfico de drogas devido à localização, que conecta cidades de Mato Grosso do Sul a municípios no estado de São Paulo. “Drogas como maconha, pasta base, crack e cocaína são apreendidas frequentemente, o que reforça o papel da cidade como corredor para esse tipo de crime”, pontuou o tenente. Ele também destaca a dificuldade da polícia após a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) de descriminalizar o porte de pequenas quantidades de maconha para consumo pessoal. Segundo ele, os traficantes têm fracionado a droga, alegando ser para uso próprio, o que configura tráfico doméstico. “A posse e a distribuição em pequenas quantidades dificultam as apreensões em larga escala”, observou.
Segundo os dados, 90% das drogas apreendidas em Três Lagoas é maconha. O aumento no número de prisões e apreensões também se dá pelo reforço diário na fiscalização e patrulhamento da PM. O tenente alertou ainda para o envolvimento de adolescentes no tráfico, que são usados como “aviõezinhos”, na distribuição das drogas, ao considerar que a penalização seria mais branda, apenas com medidas socioeducativas. “Raramente ocorre a internação dos menores, que acabam voltando para as ruas sem medo de cometer novos delitos”, concluiu.
CONSEQUÊNCIAS
O tráfico de drogas é um problema social com impactos significativos, principalmente na saúde. O número de pessoas viciadas está em constante crescimento, e o uso abusivo das substâncias pode causar danos irreversíveis ao organismo, tanto físicos quanto emocionais, além de afetar profundamente as famílias.
O operador de empilhadeira, Marcos Alexandre, de 23 anos, compartilhou sua luta diária contra o vício. Ele está há cinco meses sem usar crack e se considera ‘limpo’. “Comecei com narguilé aos 17, passei para maconha aos 18, depois cocaína aos 20 e, aos 21, estava no crack. Essas drogas causam reações como medo, alucinações e paranoia. Perdi tudo: carro, namorada e minha mãe, que sofria muito. Meu conselho é, pense em quem te ama e peça ajuda, seja para as pessoas ou para Deus”, concluiu.