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Mais caro

Preço do peixe sobe em Três Lagoas

Comerciantes apontam alta de até 100% no valor do pintado; tradição mantém procura, mas expectativa é de impacto no consumo

O pintado, um dos mais procurados, foi o que mais sofreu reajuste. Foto: Reprodução/TVC HD
O pintado, um dos mais procurados, foi o que mais sofreu reajuste. Foto: Reprodução/TVC HD

Tradicionalmente marcado pelo aumento no consumo de peixe, o período da Quaresma e, especialmente, a Semana Santa, chega este ano com um ingrediente amargo para os consumidores de Três Lagoas: a alta nos preços dos pescados. O pintado, um dos mais procurados, foi o que mais sofreu reajuste.

O movimento nas peixarias da cidade começou a crescer nos últimos dias, mas ainda de forma tímida. Segundo os comerciantes, o fator que mais tem freado o consumo neste início de temporada é o valor do quilo do peixe, que subiu de forma considerável.

“Esse ano nos surpreendeu. O pintado, por exemplo, dobrou de preço. Ano passado ele estava entre R$ 25 e R$ 30. Hoje, para eu comprar, está em torno de R$ 40 o quilo. Para a mesa do trabalhador, vai ficar complicado”, relata Adriano Ferreira, revendedor de peixe.

Com o preço de compra mais alto, o valor repassado ao consumidor também aumentou. “Ainda nem peguei esse peixe para revender, mas deve sair entre R$ 65 e R$ 70 o quilo”, estima o comerciante. 

Adriano Ferreira, que trabalha há 15 anos com a venda de peixes, conta que não foi apenas o pintado que subiu. “O tambaqui, que eu pego de cativeiro, também aumentou. E os peixes de rio que costumamos vender aqui na Colônia do Jupiá e na Feira do Peixe também estão mais caros”, afirma.

Na peixaria de Roberto Itiro, apesar do aumento generalizado nos preços, a clientela fiel continua comprando. “Graças à tradição que temos na cidade, a venda aumenta conforme se aproxima a Semana Santa. E aqui a gente tem tentado manter os preços estáveis, principalmente para nossos clientes de toda semana”, comenta Roberto.

Segundo Itiro, o pintado de rio, vendido no local, passou de R$ 54,90 para R$ 64,90. “Não sei se é pela procura ou pela oferta dos fornecedores, mas tivemos que reajustar. Mesmo assim, é menos do que se vê por aí.

Nem todos os peixes, no entanto, acompanharam a alta, segundo Roberto. A tilápia, bastante procurada nesta época do ano, manteve o mesmo preço de 2024: R$ 54,90 o quilo.

Outro destaque é o bacalhau, tradicionalmente consumido na Sexta-Feira Santa. Segundo o comerciante, o preço do bacalhau se manteve estável graças ao valor do dólar, que é o principal fator que influencia seu custo.

“O bacalhau que vendemos aqui é o verdadeiro Gadus morhua, o autêntico bacalhau do Porto, que vem das águas geladas da Noruega. Desde o ano passado estamos mantendo o mesmo preço, já que o dólar também não oscilou muito”, explicou Roberto.

Além do bacalhau, o pacu também segue com forte procura. Diversos cortes da espécie estão disponíveis, com preços variando entre R$ 45 e R$ 48 o quilo.

Com a chegada da Semana Santa, a expectativa é de um crescimento expressivo nas vendas. Os comerciantes acreditam que a procura por peixe deve aumentar em até 50%.

“Durante o ano temos uma clientela fiel, mas na Semana Santa a demanda sempre sobe significativamente. Esperamos um movimento 50% maior”, reforça Roberto.

Mesmo com a alta dos preços, a tradição continua sendo o principal motor das vendas neste período. E, para muitos, comer peixe na Semana Santa continua sendo uma escolha de fé — ainda que mais salgada este ano.