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Prefeitura e PM articulam programa para resgatar dignidade de moradores em situação de rua

Polícia Militar tem mapeado 11 pontos de permanência dessas pessoas em Três Lagoas e realiza abordagens

O encontro contou com a presença do prefeito Cassiano Maia, de representantes da Secretaria de Assistência Social e do comandante da PM, major Ronaldo Moreira. Foto: Reprodução/TVC HD
O encontro contou com a presença do prefeito Cassiano Maia, de representantes da Secretaria de Assistência Social e do comandante da PM, major Ronaldo Moreira. Foto: Reprodução/TVC HD

A Prefeitura de Três Lagoas e o 2º Batalhão da Polícia Militar se reuniram na semana passada para discutir ações voltadas à população em situação de rua do município, com foco especial nos usuários de drogas. O encontro contou com a presença do prefeito Cassiano Maia, de representantes da Secretaria de Assistência Social e do comandante da PM, major Ronaldo Moreira.

Segundo o comandante, o objetivo principal da reunião foi iniciar a construção de um programa estruturado que visa o resgate da dignidade dessas pessoas e sua reintrodução na sociedade. A proposta busca integrar forças públicas e instituições para potencializar o atendimento e o acolhimento dessa população vulnerável.

“É um problema que não é exclusivo de Três Lagoas, é um problema que assola todo o Brasil”, destacou o major Moreira. Dados do governo federal apontam que o número de pessoas em situação de rua no país aumentou quase 50% entre 2022 e 2024, saltando de 236.400 para 327.925. Em Mato Grosso do Sul, eram 1.717 pessoas em 2022, número que também tende a ter crescido, embora não haja levantamento atualizado específico para Três Lagoas.

Entre as decisões tomadas na reunião está a realização de um levantamento detalhado sobre os moradores em situação de rua na cidade, buscando compreender os motivos que os levaram a essa condição. “Essas pessoas precisam ter sua dignidade resgatada, que é o mais importante. Muitas vezes são vistas como potenciais criminosas, mas, na verdade, estão mais vulneráveis a serem vítimas de crimes”, explicou o comandante.

Ainda que existam casos de pequenos furtos, geralmente relacionados ao uso de drogas, Moreira alerta que a maioria dessas pessoas vive nas ruas por motivos sociais, como rompimento de laços familiares, dificuldades financeiras e despejo. “Apenas 29% afirmam que as drogas foram a motivação principal para ir para as ruas”, pontuou.

A Polícia Militar tem mapeado 11 pontos de permanência dessas pessoas em Três Lagoas e realiza abordagens sempre que há fundada suspeita de infração, tratando os indivíduos como qualquer outro cidadão. “Elas têm direitos e deveres. Quando estão em situação irregular, tomamos providências. Quando não há suspeitas, elas continuam onde estão”, afirmou.

A região da rodoviária, frequentemente citada por populares como local de conflitos e insegurança, também foi tema da reunião. Moreira lembrou que muitos dos envolvidos em brigas ou confusões ali são, inclusive, vítimas e não autores de crimes. “Não se pode generalizar. Assim como há pessoas com residência fixa que brigam e causam lesões, o mesmo pode ocorrer com quem está na rua.”

Entre as ações que já vinham sendo realizadas pela Prefeitura, estão atendimentos de saúde na rua, inclusive com medicação para usuários de drogas. A proposta agora é unificar e intensificar essas iniciativas dentro do novo programa, com apoio direto da Polícia Militar e de outras instituições.

O comandante acredita que, com a integração de forças e o reforço institucional, será possível enfrentar de forma mais eficaz o problema. “Se não houver um programa, é como enxugar gelo. Mas eu acredito muito que as vidas dessas pessoas serão mudadas com esse trabalho”, finalizou.