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PRF quer reformar unidade operacional do município de Água Clara, na BR-262

Estudo estratégico prevê melhorias no posto que atende a região Leste do estado, que recebe cada vez um trânsito pesado

Sodré falou sobre o grande movimento de veículos pesados na rodovia
Sodré falou sobre o grande movimento de veículos pesados na rodovia | Divulgação

O aumento do fluxo de veículos de carga na BR-262, em Mato Grosso do Sul, entre Campo Grande e Três Lagoas, com a chegada de indústrias da celulose e desenvolvimento da silvicultura ao estado, tem exigido o reforço na fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, na região Leste. Segundo o chefe substituto do Núcleo de Comunicação Social da PRF-MS, Fábio Roberto Sodré, para atender a demanda, a instituição estuda a reforma da unidade operacional de Água Clara.

Ainda sobre o tráfego na BR-262, que cruza o estado, de Leste a Oeste, de Três Lagoas a Corumbá, o agente federal alertou para outros perigos no trânsito da via, como a travessia de animais. Estes foram assuntos da entrevista, que também abordou os resultados da “Operação Natal 2024”.

Entre os dias 20 e 25 de dezembro, a PRF intensificou a fiscalização durante a festividade. Este ano, de acordo com o balanço final, foi verificada redução no número de mortes nas estradas federais no estado. No comparativo com 2023, também foi registrada redução no número de sinistros graves (-16); de pessoas feriadas (-20%) e mortes em sinistros (-66%).

Quais os resultado da operação?

Sodré A operação ocorreu de 20 a 25 de dezembro e resultou em 6.802 pessoas fiscalizadas; 5.806 veículos fiscalizados; 4.903 testes de alcoolemia; 1.882 autos de infração; 1.778 radares móveis (imagens); 102 veículos recolhidos; 48 sinistros; 15 sinistros graves, que resultaram em 49 feridos e quatro vítimas fatais.

Em cinco dias, quatro mortes dá uma média de quase uma por dia. Como avaliar este número?

Sodré O trânsito nesse período aumenta muito. A movimentação, tanto dos veículos de passeio, – famílias viajando e aí entra uma questão também de probabilidade, – o aumento de um comportamento de risco acaba, em algumas situações, trazendo o resultado negativo desde um acidente que resulta em danos materiais, até aqueles mais graves e, que em alguns casos resultam em vítimas fatais.

Em ralação ao ano anterior, qual a análise?

Sodré Este ano tivemos reduções importantes. Ao comparar com 2023 a redução foi de 16% no número de sinistros graves; redução de 20% no número de pessoas feridas e redução 66% no número de mortes.

Como a fiscalização ajuda a frear o aumento no número de acidentes?

Sodré A PRF, assim como os outros órgãos que trabalham na fiscalização do trânsito, tem procurado fazer com afinco, paralelamente, um trabalho preventivo e educativo. Nós iniciamos a Operação Rodovida dentro dessa visão, que é a união das instituições que trabalham no trânsito, Policial Militar, Guarda Civil Metropolitana, os integrantes do Gabinete Integrado de Gestão de Trânsito e Detran-MS. Nós temos a própria concessionária CCRMS-Via, também parceira desse programa que veio a enfatizar essas ações, principalmente, nesses períodos. Começamos, agora, no dia 18 e vai até depois da Operação Carnaval. Nós sabemos que devido as férias escolares, as viagens de final de ano para passar com a família, Natal, Ano Novo e depois também na operação Carnaval, muitos ainda estarão viajando, seja para curtir a folia ou seja para participar de um retiro, nós precisamos intensificar as fiscalizações, o trabalho de conscientização.

Quantas multas foram aplicadas?

Sodré Só em autos de infração de uma forma geral, foram mais de 1.600. Nós tivemos mais de 1.500 imagens capturadas até o dia 24, flagrantes de excesso de velocidade. Então, por esses números nós entendemos que as pessoas estão se arriscando e a medida que se aumenta o risco, aumenta as chances de se envolver num sinistro.

Quais foram as principais irregularidades registradas?

Sodré Ultrapassagem, devido excesso de velocidade. O veículo em mau estado de conservação, principalmente, dos pneus. Nós precisamos ter essa consciência. Você percebe que já estamos com chuvas intensas, recorrentes, então, o veículo tem que estar em bom estado de conservação, o sistema de iluminação, o sistema de suspensão, tudo isso integra a manutenção preventiva que deve ser feita para que o veículo – que é o seu instrumento principal de viagem – esteja em condições de pegar a estrada.

O senhor comentou sobre a chuva. A ocorrência de chuvas intensas tem contribuído para o agravamento ou para uma situação mais delicada no trânsito, nas rodovias?
sodré Especificamente nesses acidentes mais graves com mortes que nós tivemos, não houve a influência da chuva, mas com certeza, nos acidentes graves de uma forma geral e nestes sinistros que aconteceram- muito embora os números tenham sido menores do que o ano passado – no momento da chuva há dificuldade de visibilidade. Seja na neblina ou até mesmo naqueles horários no avançar da noite, da madrugada. Tudo isso influencia sim, nessa questão dos sinistros. Exige uma experiência maior dos condutores.

Em alguns casos, condutores que se envolveram em acidentes relatam que precisaram fazer uma manobra para evitar uma batida frontal. É possível identificar quem provocou o acidente?

Sodré Além do laudo da PRF, tem o laudo da Polícia Civil. Então nós procuramos fazer uma investigação mais aprofundada. Logicamente, nós precisamos de materialidade para isso. Mas, por exemplo, na BR-163, como ela é monitorada na sua maior parte, é possível sim, por meio das câmeras, procurar e verificar se naquele local é possível capturar a imagem, da dinâmica do acidente.

Isso é importante, inclusive, para dar resposta e responsabilizar quem provoca uma situação.

Sodré Com certeza. O trânsito é um ambiente em que todos precisam colaborar e ter essa consciência da direção defensiva. Mesmo quando alguém comete um erro, por diversos aspectos, a pessoa deve ter condições de evitar, porque quando ele acontece, estando certo ou errado, as consequências vêm pra todos.

Quais são os horários mais comuns de ocorrência de acidentes?

Sodré Nós sempre orientamos que evite transitar quando a visibilidade estiver prejudicada. Das 16h às 22h a partir do final da tarde, principalmente para aqueles que vão passar as festas com as famílias. Por isso , nós pedimos para que as pessoas, se puderem viajar em outro horário, que seja mais tranquilo, melhor. Porém, mesmo que precise viajar, com as dicas de segurança, como manter a distância do veículo, cuidando da velocidade, não realizando as ultrapassagens arriscadas, vai conseguir chegar ao seu destino, sem problema.

Aqui no estado temos a BR-163, onde ocorre muitos acidentes, alguns, inclusive, no perímetro urbano. Que tipo de estratégia a PRF tem estudado nestes locais?
Sodré Nós temos o núcleo de segurança viária que monitora quais os pontos e maiores necessidades de intensificar a nossa fiscalização. Ali naquela região, nessa operação, por exemplo, do Natal, nós já tivemos um reforço da fiscalização. Agora, quando pensamos em perímetro urbano para quem estiver viajando – tanto nos principais pontos aqui no entorno de Campo Grande, no anel viário, e no entorno de Dourados, que são os maiores municípios – ocorre a junção do trânsito urbano com o trânsito rodoviário, é um problema, porque a dinâmica é diferente.

Nesses locais existe uma travessia maior de pedestres, ciclistas e pessoas no entorno. Então, para quem estiver na rodovia ao se aproximar de perímetro urbano, a orientação é sempre reduzir a velocidade, independentemente se tem radar, lombada ou algum outro equipamento para reduzir a velocidade. Tem que ter essa consciência ao se aproximar. Você pode ter ali uma escola, geralmente, tem escola nas proximidades, tem as pessoas que trabalham ali em postos de combustíveis, no comércio, no entorno. Alguém vai estar atravessando a via, os motociclistas que vão estar transitando por ali. Então, realmente essa fusão trânsito urbano com trânsito rodoviário é perigosa.

E falando agora sobre a BR-262. Qual o planejamento operacional para o trecho que liga Campo Grande a Três Lagoas?

Sodré Água Clara deve passar por reforma […] está em estudos estratégicos para isso, porque existem projetos de instalações de novas indústrias ali na região. Tudo isso vai exigir mais da PRF. Então, devemos ter melhorias naquela região de Água Clara. Já temos uma unidade operacional, em Ribas do Rio Pardo e a base de Três Lagoas.

Além do aumento do fluxo de veículos, qual outra situação preocupa em relação a segurança rodoviária nesta rodovia? sodré Além dessa característica, nós temos ali na região pantaneira a partir do município de Aquidauana, Dois Irmãos além do fluxo de veículos, existe a incidência de travessia de animais, principalmente à noite. Durante a madrugada todo esse cuidado temos que ter e a velocidade realmente tem que ser reduzida. O fluxo de caminhões é intenso, então tem que ter paciência. Se não tiver condições de ultrapassar, não adianta se arriscar. Da nossa parte, o que nos compete é aumentarmos a fiscalização.