O tempo seco tem contribuído para o aumento do número de queimadas, em Três Lagoas, tanto na área rural quanto na região urbana. Agosto começou com péssimo presságio para todo o Mato Grosso do Sul.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram registrados 301 focos de queimadas no estado no dia 1° de agosto, superando o total registrado no mês inteiro em 2023.
Em Três Lagoas, ao olhar para o horizonte, é possível ver uma coloração cinza de fumaça e poeira. Quem mora em ruas não pavimentadas sofre não só com a poeira, mas também com a sujeira da fuligem.
A dona de casa Lohaine da Silva Machado, que vive nessa situação, diz que a casa não para limpa. “A gente acaba de lavar a casa e já fica suja de novo. Tem sido assim todos os dias”.
Mesmo com o clima seco, ruim para o sistema respiratório, ainda há pessoas que insistem em tacar fogo em terrenos baldios. Esse clima está sendo agravado por uma seca histórica, impactada pelas mudanças climáticas, que contribuem para um cenário de estiagem.
Com a umidade relativa do ar baixa, a pastagem e o mato secam rapidamente, facilitando a propagação do fogo. Isso causa problemas não só para o meio ambiente, mas também problemas respiratórios.
O vigilante Severino Batista de Lima está em tratamento e tem dificuldade para dormir com a poeira e o cheiro da fumaça. “Eu tenho bronquite e a poeira me faz mal. Esses dias me deu pneumonia. Eu tinha melhorado, mas já me atacou de novo”.
A previsão do tempo indica que, entre os dias 1° e 7 de agosto, o tempo seguirá firme, com sol, poucas nuvens, e altas temperaturas, inclusive acima da média, podendo atingir 35°C em Três Lagoas. Além disso, a previsão para o município é de que as chuvas para o mês de agosto serão escassas e irregulares. De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), deve chover de 10 a 18 mm, muito abaixo da média.
O tenente Reinaldo Cândido, do Corpo de Bombeiros, explica os riscos deste mês para as queimadas, pois agosto é o auge do período da estiagem, com falta de chuva significativa há meses, e os ventos fortes intensificam os focos de incêndio. “Nós chegamos ao mês que consideramos ser o ápice da temporada de incêndios florestais. Já estamos há um longo período sem chuva, e é visível que a vegetação nas margens das rodovias está toda amarela e seca. Diariamente, temos uma média de quatro a cinco incêndios urbanos, principalmente em terrenos baldios onde as pessoas acham que devem limpar o terreno tacando fogo. Isso não é cultural, é um crime ambiental”.
Por ser crime ambiental, a diretora da Secretaria de Meio Ambiente e Agronegócio (Semea), Maysa Costa, explica que o departamento tem intensificado as fiscalizações e ressalta que a população deve colaborar para o bem-estar de todos, não queimando folhas e outros materiais. “As queimadas precisam ser combatidas continuamente, pois não ocorrem apenas no período de estiagem, embora piorem devido à fácil propagação do fogo. Intensificamos nossas ações durante a seca, quando, culturalmente, as pessoas costumam varrer suas calçadas e quintais e, em vez de utilizar sacolas plásticas para a coleta pública, acabam colocando fogo nos resíduos. Isso também ocorre com proprietários de terrenos baldios que não realizam a devida limpeza e manutenção de seus imóveis. Qualquer pessoa pode jogar uma bituca de cigarro ou intencionalmente iniciar um incêndio para "limpar" o terreno”.
A diretora reforça que o combate a essa prática é realizada frequentemente. “Nós mantemos uma rotina contínua de prevenção, por meio de palestras, campanhas em redes de comunicação, mídias sociais e outdoors. Alertamos que essa prática é passível de autuação. Realizamos educação ambiental, mas também aplicamos multas quando necessário, autuando os próprios proprietários”.
As pessoas devem fazer denúncias pelo telefone/WhatsApp (67) 99277-8539.
Veja a reportagem abaixo: