Veículos de Comunicação

Empatia

Rede Feminina de Combate ao Câncer precisa de ajuda voluntária e financeira

Entidade atende a mais de 130 pacientes por mês e não recebe nenhuma ajuda do poder público para assistir pessoas com câncer

Entidade atende a mais de 130 pacientes por mês e não recebe nenhuma ajuda do poder público para assistir pessoas com câncer. - Foto: Reprodução/TVC
Entidade atende a mais de 130 pacientes por mês e não recebe nenhuma ajuda do poder público para assistir pessoas com câncer. - Foto: Reprodução/TVC

Na quarta reportagem especial sobre a situação das entidades de Três Lagoas, hoje vamos destacar o trabalho da Rede Feminina de Combate ao Câncer, que enfrenta uma dura realidade. Sem nenhum apoio do poder público, a entidade se mantém graças a eventos e doações da comunidade. Lourdes Palhares, presidente da instituição, conta que a Rede atende entre 130 e 150 pacientes por mês, mas a luta para manter esse trabalho é constante.

“Financeiramente, estamos vivendo de um leilão que fizemos, que nos dá suporte por dez meses, mas isso não é suficiente. Já na parte humana, temos poucas voluntárias e estamos tentando trazer mais pessoas para ajudar”, desabafa Lourdes. Ela destaca que, desde a pandemia, o número de voluntários caiu drasticamente e, apesar do retorno das atividades, ainda é difícil atrair novos colaboradores.

A Rede Feminina oferece suporte que auxilia no tratamento médico; além disso, distribui cestas básicas, leite para pacientes em tratamento e transporte para consultas e quimioterapia, muitas vezes com recursos próprios ou por meio de parcerias temporárias. Lourdes reforça que, mesmo com a solidariedade da comunidade, a ajuda tem diminuído. “Nossos parceiros também enfrentam dificuldades financeiras, e isso impacta diretamente na quantidade de doações que recebemos”, explica.

A entidade já buscou apoio em diferentes esferas do governo, mas enfrenta constantemente barreiras burocráticas. “Temos toda a documentação em dia, mas sempre dizem que não somos cadastrados em saúde, apenas em assistência”, comenta. Recentemente, a instituição solicitou à prefeitura um motorista para ajudar no transporte dos pacientes, mas o pedido foi negado, o que gerou frustração entre os voluntários.
Com um custo mensal de cerca de R$ 20 mil para manter as operações, cobrindo despesas com funcionários, água, energia, combustível e transporte dos pacientes, a Rede Feminina depende de eventos e doações que não são suficientes a longo prazo. “Estamos tentando equilibrar as contas, mas a necessidade é muito maior do que os recursos que conseguimos captar”, afirma Lourdes.

Além da questão financeira, a falta de voluntários continua sendo um desafio. A presidente destaca que a entidade precisa de pessoas dispostas a arregaçar as mangas e ajudar nas mais diversas atividades, desde palestras no Outubro Rosa até a organização de eventos beneficentes. Atualmente, a Rede conta com cerca de 21 voluntárias, mas esse número ainda está aquém do necessário para manter o funcionamento pleno das atividades.

O trabalho incansável de Lourdes e das voluntárias tem sido um diferencial para a sobrevivência da Rede. Em seu terceiro mandato, ela reestruturou a organização e conseguiu aumentar gradualmente o número de voluntárias, ainda que o processo seja lento. “É um trabalho de formiguinha, mas essencial para continuarmos atendendo quem mais precisa”, conclui a presidente. 

Em resposta, a Secretaria Municipal de Saúde informou que foram feitas diversas reuniões e ofícios com a Rede Feminina sobre essa questão, mas a própria administração da instituição declarou que sua documentação está inapta para estabelecer uma relação administrativa de prestação de serviço com a Prefeitura de Três Lagoas, assim como estabelece a lei nº 13.019 que trata do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. A presidente da Rede disse que isso não procede, pois foi solicitado cadastro na Secretaria de Saúde, mas que a prefeitura informou que a entidade presta serviço de assistência. Por isso, entende que deveria receber recursos desta pasta.

O apoio que faz a diferença na vida de pacientes

A história de Andreia Rodrigues da Silva é um exemplo do impacto positivo que a Rede Feminina de Combate ao Câncer tem na vida de muitas mulheres. Andreia descobriu em 2022 que estava com câncer e, desde então, frequenta a Rede em busca de apoio e acolhimento. “Se não fosse a Rede, seria bem mais difícil”, afirma a dona de casa, que já realizou a cirurgia e está em processo de remissão.

Para Andreia, o trabalho da Rede é perfeito, oferecendo apoio psicológico, acesso a exames, e até ajuda com a locomoção, já que ela não possui veículo próprio. Esse tipo de suporte tem sido essencial para que ela e outros pacientes enfrentem a jornada do câncer com mais leveza e esperança.

A Rede Feminina é um exemplo de como o apoio emocional e prático pode transformar a experiência de quem luta contra o câncer. Ao proporcionar um ambiente acolhedor e cheio de empatia, a Rede se torna mais do que um espaço de tratamento, é um refúgio de solidariedade para as pessoas que precisam. 

Acolhimento 

A assistente social da Rede Feminina, Uli Cristina Garcia, ressalta a importância do apoio emocional durante o tratamento de pacientes oncológicos. Segundo ela, às vezes, os pacientes enfrentam períodos de espera para exames e diagnósticos, o que aumenta a ansiedade e o estresse. “Nosso primeiro passo é acalmá-los, dar a segurança de que existe um processo e uma saída”, explica Uli.

A Rede não só oferece apoio emocional.“Escuto muito dos pacientes: ‘Se não fosse a Rede, não teria vencido o câncer’. Aqui, se sentem abraçados e acolhidos”, destaca. O trabalho da Rede vai além de ajuda e auxílio no atendimento clínico; contribui em amenizar os problemas emocionais e sociais dos pacientes, oferecendo suporte em um momento de extrema vulnerabilidade. Esse acolhimento tem feito a diferença na vida dessas pessoas. 

Veja a reportagem: