Os furtos registrados em Três Lagoas preocupam moradores da zona urbana e rural, evidenciando lacunas na segurança pública local. Diariamente, relatos incluem desde o roubo de botijões de gás e fios de cobre até prejuízos em estabelecimentos comerciais e propriedades rurais. Esses crimes afetam diversos segmentos da sociedade, desde donas de casa e pequenos comerciantes até pecuaristas e empresários, trazendo impactos financeiros e emocionais significativos. No campo, a situação preocupa. Propriedades rurais, antes consideradas refúgios seguros, tornaram-se alvos frequentes de criminosos. Um exemplo ilustrativo ocorreu no final de 2024, quando um pecuarista de Três Lagoas sofreu o abate criminoso de três novilhas Nelore puras. Cada animal, avaliado em R$ 15 mil, representava anos de investimento em melhoramento genético, uma perda que vai além do financeiro, comprometendo o trabalho essencial para a modernização da pecuária.
Apesar dos esforços da Polícia Militar, que dispõe da equipe de Patrulhamento Rural, a abrangência da operação — cobrindo Três Lagoas, Selvíria e Brasilândia — e o número reduzido de policiais e viaturas, tornam a tarefa desafiadora. A Deleagro (Delegacia de Combate a Crimes Rurais e Abigeato), criada em 2021, como sede em Campo Grande, tem o potencial de acelerar investigações relacionadas ao setor, mas sua centralização na capital limita o alcance em regiões como a Costa Leste, que concentra investimentos bilionários no setor da celulose e propriedades com insumos, equipamentos e animais de alto valor.
Na área urbana, a situação também é preocupante. Moradores reclamam de poucas viaturas percorrendo os bairros, pois, muitas vezes, o policiamento é mais concentrado no centro. A falta de efetivo também impacta diretamente na eficiência do Setor de Investigações Gerais (SiG), cuja atuação, no passado, foi destaque na elucidação de muitos crimes. Investigações robustas são essenciais para identificar receptadores e desarticular redes criminosas.
Outro entrave é a sobrecarga da 1ª Delegacia de Polícia Civil, onde agentes precisam custodiar presos devido à ausência de um presídio de trânsito para detentos aguardando audiência de custódia. Essa tarefa desvia policiais de sua função principal: investigar e combater o crime.
Além do reforço no efetivo policial, Três Lagoas aguarda a entrada em operação de um sistema de videomonitoramento composto por 210 câmeras instaladas em 2024. O investimento de R$ 2,5 milhões ainda não resultou em benefícios para a população, uma vez que o sistema permanece inativo. A efetivação de um convênio entre a Prefeitura e a Polícia Militar é urgente para garantir o funcionamento desse recurso estratégico, que pode inibir crimes e facilitar sua resolução. A segurança pública de Três Lagoas exige atenção redobrada por parte do governo estadual e da administração municipal. Investir em mais policiais, viaturas e infraestrutura de apoio, além de ativar o sistema de monitoramento são essenciais para proteger os cidadãos e fortalecer a confiança na capacidade das autoridades de combater a criminalidade. Três Lagoas não pode esperar mais.
Editorial