Veículos de Comunicação

Concessão

Sem duplicação prevista, trecho da BR-262 teve 55 acidentes e 7 mortes

Apesar dos altos índices de acidentes, o trecho não terá duplicação imediata, conforme anúncio do Governo de MS

Apesar dos altos índices de acidentes, o trecho não terá duplicação imediata, conforme anúncio do Governo de MS - Foto: Max Silva/TVC
Apesar dos altos índices de acidentes, o trecho não terá duplicação imediata, conforme anúncio do Governo de MS - Foto: Max Silva/TVC

De  janeiro a julho deste ano, a BR-262, no trecho entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, registrou 55 acidentes e 7 mortes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve uma leve redução no número de acidentes, que caiu de 57 para 55, mas o número de mortes aumentou de 5 para 7. Apesar dos altos índices de acidentes, o trecho não será duplicado imediatamente, conforme anúncio do Governo de Mato Grosso do Sul. Somente neste ano, de Três Lagoas a Campo Grande, a PRF registrou 91 acidentes e 8 mortes nesse trecho. O maior número de mortes foi no trecho posterior a Ribas do Rio Pardo. 

O governo estadual, por meio do Escritório de Parcerias Estratégicas (EPE), justificou a decisão pela falta de demanda de tráfego no trecho entre Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, alegando que o fluxo de veículos não é suficiente para justificar a obra. Por outro lado, a duplicação ocorrerá entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, onde o movimento diário de veículos ultrapassa 5 mil, conforme estudos técnicos.

Entretanto, o inspetor-chefe da PRF em Três Lagoas, José Ferreira Torres, discorda da decisão, afirmando que o trecho de Três Lagoas a Campo Grande também apresenta fluxo significativo, com cerca de 5 a 6 mil veículos diariamente. Torres destacou ainda que, com a instalação da fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo, houve um aumento no número de veículos, especialmente nos horários de pico, quando muitos trabalhadores se deslocam da capital para a fábrica.

A situação é ainda mais preocupante entre Ribas do Rio Pardo e Água Clara, onde o tráfego de veículos pesados tem aumentado devido ao terminal intermodal em Inocência, que tem atraído motoristas a utilizarem essa rota.

Motoristas criticam modelo de concessão que prevê pedágios sem duplicação

Motoristas e profissionais que utilizam a BR-262 diariamente têm manifestado insatisfação com a decisão de não duplicar todo o trecho. Marcelo Perrone, motorista há 27 anos, critica o governo por não considerar o movimento de veículos como justificativa válida e defende a duplicação integral da rodovia. Osiel Roque Maria, mecânico e usuário frequente da rodovia, reforça que a duplicação é necessária para aumentar a segurança dos motoristas.

Apesar de o projeto prever a duplicação de apenas um trecho, a rodovia terá quatro praças de pedágios, com tarifas que podem variar entre R$ 4,70 e R$ 15,20. Isso tem gerado ainda mais críticas entre os motoristas, que consideram a cobrança injusta sem a duplicação completa da via.

O engenheiro Milton Rocha Marinho, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Três Lagoas, já havia criticado o modelo de concessão adotado pelo governo estadual, que prevê a cobrança de pedágios sem a duplicação completa, como ocorreu em outras rodovias, como a MS-112, BR-158 e BR-436, que foram concessionadas, mas continuam com pista simples e sem melhorias significativas.

Apesar das críticas, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, não descarta a possibilidade de duplicar a rodovia em sua totalidade no futuro, mas destacou que, neste momento, é mais viável iniciar a concessão com a duplicação do trecho entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo. O governador Eduardo Riedel, em reunião com a ministra nesta semana, discutiu os avanços na delegação das rodovias federais ao estado, para que se possa promover a concessão. Uma audiência pública está marcada para o dia 30 de agosto, onde o projeto será debatido com a sociedade.

A BR-262 é uma via relevante para o Mato Grosso do Sul, ligando Três Lagoas à capital, Campo Grande, e é considerada um importante corredor logístico na região. A duplicação da rodovia é uma demanda antiga dos três-lagoenses e de todos que dependem dessa via para se deslocar e transportar mercadorias. 

Veja mais na reportagem abaixo: