O caso da bebê de 10 meses que sofreu agressões na casa da bisavó, em Três Lagoas, segue com novos desdobramentos e gerando revolta na cidade. Na manhã desta quarta-feira (23), o conselheiro tutelar Paulo Molina, que atendeu a ocorrência, deu detalhes da atuação dos órgãos de proteção à infância, do estado de saúde da criança e da investigação em andamento.
Atendimento emergencial e primeiros sinais
De acordo com Molina, o Conselho Tutelar foi acionado na tarde do domingo de Páscoa (20), por volta das 16h. A mãe da bebê relatou que a criança apresentava um comportamento diferente, chorando excessivamente e se mostrando assustada. Ao dar banho na filha, a genitora percebeu que a bebê gritava ao ser tocada na região íntima.
“Ao analisar a genitália da criança, ela observou que a genitália estava inchada e apresentando vermelhidão”, contou o conselheiro.
Diante da falta de atendimento do SAMU e dos Bombeiros, que estavam em outras ocorrências, o próprio conselheiro se deslocou até a casa da mãe da criança para levá-la até a UPA.
“Chegando na residência, ela estava muito abalada. Nós a levamos até a UPA. No caminho, acionei o serviço social e fomos atendidos de forma rápida”, relatou Molina.
Na unidade, os profissionais de saúde constataram os indícios de abuso, e a criança foi transferida para o Hospital Regional.
“Ali também já foi constatada a suspeita de estupro de vulnerável. A criança foi encaminhada para o hospital, onde houve a confirmação da manipulação da genitália”, disse.
Sobre a noite do crime e o relato familiar
A mãe da bebê deixou a criança sob os cuidados da bisavó, por volta das 20h do sábado (19), para sair com amigas. Segundo Paulo Molina, ao buscar a filha na manhã seguinte, a mulher estranhou o comportamento da menina e questionou a bisavó sobre o que poderia ter acontecido.
“A bisavó disse que a criança devia estar estranhando tanto ela quanto o esposo e afirmou que ele não havia feito nada […] Depois, a genitora foi para casa. Durante o banho, a criança começou a gritar, colocar a mão na genitália, e aí a mãe observou aquela situação nefasta, abominável”, completou o conselheiro.
Família humilde e novas denúncias
O conselheiro descreveu a família como humilde e relatou que o Conselho acompanhou a mãe até a casa da bisavó para recolher documentos pessoais, agindo de forma discreta para proteger a integridade da genitora.
Molina também revelou que novas denúncias estão chegando ao Conselho Tutelar envolvendo os mesmos envolvidos no caso.
“Cabe agora à Polícia Civil e à Delegacia de Atendimento à Mulher concluir essa investigação tão abominável“, afirmou.
Estado de saúde da criança e classificação do crime
O conselheiro explicou que o crime se enquadra como estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, e pode resultar em pena superior a 8 anos de prisão, já que é classificado como crime hediondo.
A bebê segue hospitalizada e está sendo acompanhada por equipes médicas.
“A criança já foi medicada, tomou os coquetéis necessários, inclusive preventivos contra ISTs como a AIDS. Está em observação e deve permanecer internada por mais cinco dias”, informou.
Contexto do caso
A violência ocorreu entre a noite de sábado (19) e a madrugada de domingo (20), na residência da bisavó da criança. O suspeito — um homem de 58 anos, companheiro da bisavó — mora no local há cerca de 10 anos. Ele foi preso em flagrante na manhã de segunda-feira (21) após os laudos médicos e periciais confirmarem lesões compatíveis com abuso.