Com o avanço de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente entre crianças, a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul declarou situação de emergência nas escolas públicas. A medida, anunciada nesta terça-feira (29) pelo secretário Hélio Daher, impõe o retorno de protocolos sanitários já conhecidos da população, como o distanciamento social, o uso de máscaras por pessoas com sintomas gripais, a ventilação adequada das salas e a restrição de aglomerações.
Além disso, pessoas com sintomas gripais devem evitar contato direto com outras, se afastar temporariamente de atividades sociais, de trabalho e estudo, e procurar atendimento médico. A recomendação é válida para todas as escolas públicas do estado.
De acordo com Marizeth Bazé, coordenadora regional de Educação, os diretores escolares já foram comunicados e a orientação foi reforçada com os professores. “Pedimos que eles orientem os alunos sobre o uso de máscara, a importância da higienização com álcool em gel e, principalmente, sobre a vacinação”, afirmou.
Situação em Três Lagoas
Em Três Lagoas, o número de atendimentos por síndromes gripais aumentou de forma significativa nas últimas semanas, sobretudo entre idosos e crianças. Segundo o médico João Gabriel, coordenador do pronto-socorro do Hospital Auxiliadora, a demanda praticamente dobrou no mês de abril, em comparação com os meses anteriores.
“A grande maioria dos casos são leves, mas o aumento da demanda impacta diretamente no tempo de atendimento e na capacidade da rede de saúde”, alertou o médico, em entrevista ao RCN Notícias.
Somente no pronto atendimento SUS, anexo ao hospital, são registrados de 15 a 20 casos diários de pacientes com sintomas gripais. Já os casos graves de SRAG somam 65 atendimentos desde o início do ano, com necessidade de internações e, em alguns casos, suporte em UTI.
A chegada do outono e a queda nas temperaturas contribuem para a disseminação de vírus respiratórios. João Gabriel destaca que os principais agentes em circulação neste período são o rinovírus e o vírus sincicial respiratório, que afetam principalmente as crianças, além da influenza, adenovírus e Covid-19 entre adultos.
“O retorno aos cuidados que aprendemos durante a pandemia é essencial para evitarmos internações e até perdas irreparáveis. A vacina está disponível e é fundamental”, reforçou.
Baixa cobertura vacinal
Apesar do cenário preocupante, a adesão à campanha de vacinação contra a gripe segue abaixo do esperado. Segundo a coordenadora do Setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Humberta Azambuja, desde o início da campanha, em 1º de abril, apenas 8 mil pessoas foram imunizadas em Três Lagoas.
A meta da campanha é atingir 90% do grupo prioritário, que totaliza 32.712 pessoas — sendo 18.153 idosos, 13.135 crianças de 6 meses a menores de 6 anos e 1.424 gestantes. Contudo, até o momento, apenas 19% dos idosos e cerca de 10% das crianças foram vacinados.
“Muitas pessoas estão subestimando a gravidade da gripe este ano. Em 2024, tivemos uma baixa circulação viral, o que reduziu a percepção de risco. Mas isso cria o cenário ideal para um ‘ano sim’, como 2025, com maior circulação do vírus, mais internações e maior risco de óbitos”, alertou Humberta.
As autoridades reforçam o apelo para que a população procure as unidades de saúde e se vacine, especialmente os grupos mais vulneráveis. A vacinação segue disponível nas unidades básicas e em campanhas itinerantes promovidas pela Secretaria de Saúde.