Uma consulta médica sem sair de casa, utilizando apenas um celular ou outro dispositivo conectado à internet, tornou-se realidade para muitos pacientes com a ampliação da telemedicina. Impulsionada pela pandemia, a teleconsulta tem sido analisada por pesquisadores para avaliar sua segurança e eficiência.
Um estudo conduzido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), concluiu que a teleconsulta é tão eficaz quanto o atendimento presencial para pacientes com diabetes tipo 2. A pesquisa, publicada na revista científica The Lancet, comparou o acompanhamento remoto com endocrinologistas ao modelo tradicional presencial.
A gerente de pesquisa do hospital, Rosa Lucchetta, reforça que a teleconsulta não deve substituir o atendimento presencial, mas complementá-lo. “O estudo não mostra que a teleconsulta é melhor do que a consulta presencial, mas comprova que também é segura e eficaz”, afirma.
O levantamento acompanhou 278 pacientes do SUS em Joinville (SC), cidade escolhida por já possuir estrutura de telemedicina no serviço público. Os participantes, majoritariamente mulheres entre 54 e 68 anos, foram divididos em dois grupos: um com consultas presenciais e outro com teleconsultas, ambos recebendo o mesmo tratamento. O estudo demonstrou que o acompanhamento remoto foi igualmente eficaz.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 13 milhões de brasileiros vivem com a doença, o que representa 6,9% da população. O diabetes tipo 2 exige acompanhamento constante, e a teleconsulta pode ser uma alternativa para ampliar esse acesso, especialmente em regiões remotas ou em grandes centros urbanos com dificuldades de deslocamento.
Expansão da telessaúde no Brasil
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi pioneiro na implementação da telessaúde em 2006, com o Programa Telessaúde Brasil Redes. Em 2022, o Conselho Federal de Medicina regulamentou a telemedicina como forma de atendimento médico. O primeiro vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, destaca que a teleconsulta não deve substituir totalmente o atendimento presencial, mas servir como complemento.
A Rede Brasileira de Telessaúde conta com 27 núcleos espalhados pelo país. Entre 2023 e 2024, foram realizados cerca de 4,6 milhões de teleatendimentos, incluindo teleconsultas, telediagnósticos e teleconsultorias entre profissionais.
O Ministério da Saúde tem como meta ampliar os serviços de telessaúde até 2026, investindo R$ 464 milhões na digitalização do SUS. A iniciativa busca expandir o acesso à saúde, reduzir desigualdades regionais e garantir um atendimento integrado entre serviços remotos e presenciais. Especialistas ressaltam que a segurança dos dados dos pacientes e a inclusão digital da população são desafios a serem superados para a consolidação da telessaúde no Brasil.
*Com informações da Agência Brasil