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Editorial

Três Lagoas, a potência que precisa cuidar das suas mulheres

Um estudo classifica Três Lagoas como a pior cidade do Estado para mulheres

Em 2024, a cidade registrou quatro feminicídios e quase mil agressões – Divulgação / Agência Brasil
Em 2024, a cidade registrou quatro feminicídios e quase mil agressões – Divulgação / Agência Brasil

Três Lagoas é uma das cidades mais prósperas de Mato Grosso do Sul, destacando-se pela sua forte industrialização e liderança nas exportações, além de ser um polo gerador de empregos e cursos. No entanto, por trás dessa grandeza econômica, a realidade das mulheres na cidade revela uma série de desigualdades alarmantes.

O estudo da organização Tewá 225 classifica Três Lagoas como a pior cidade do Estado para mulheres, e a 13ª no Brasil, em um ranking que aponta uma série de problemas estruturais que precisam ser urgentemente enfrentados.

Entre as principais questões estão a desigualdade salarial, a baixa representação feminina na política e os altos índices de violência de gênero. Em 2024, a cidade registrou quatro feminicídios e quase mil agressões, o que coloca Três Lagoas em uma posição preocupante quando o assunto é segurança para as mulheres.

Além disso, a participação feminina na política local é praticamente nula, com apenas três vereadoras na Câmara Municipal, um número significativamente menor do que o potencial da cidade.

Outro dado que chama atenção é a alta taxa de mulheres jovens de 15 a 24 anos que não estudam nem trabalham, mesmo com tantas oportunidades de emprego e qualificação disponíveis. Isso levanta a questão: por que essas jovens estão à margem do mercado de trabalho e da educação? A sobrecarga de tarefas domésticas e o cuidado com a família são fatores que limitam a capacidade de muitas mulheres de buscar uma vida profissional.

A falta de políticas públicas que conciliem as responsabilidades familiares com a inclusão das mulheres no mercado de trabalho é um dos principais obstáculos para que elas possam aproveitar as oportunidades oferecidas pela cidade.

Esses números revelam que, embora Três Lagoas se destaque pela sua força econômica, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as suas cidadãs possam usufruir dos benefícios dessa prosperidade. É necessário promover ações que garantam igualdade de oportunidades e segurança para as mulheres, além de uma maior representatividade nas esferas de poder.

A cidade precisa de políticas públicas mais eficazes, que incentivem a participação política feminina, combatam a violência de gênero de forma mais intensiva e proporcionem apoio às mulheres no mercado de trabalho, especialmente as jovens, negras e pardas, que enfrentam ainda mais barreiras. O fortalecimento de programas de capacitação, a criação de espaços seguros e o incentivo ao empreendedorismo feminino são passos essenciais para garantir um futuro mais justo e inclusivo para todas.

Três Lagoas tem o potencial para ser não apenas um polo econômico de sucesso, mas também um exemplo de justiça social. Para isso, é fundamental que as mulheres, que são a base da sociedade, tenham as mesmas oportunidades e proteção que os homens. O momento de agir é agora, para que a cidade consiga, finalmente, refletir a prosperidade de forma justa e igualitária para todos.