A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Três Lagoas tem relatado um aumento preocupante nos casos de chikungunya desde o início do ano, levantando a possibilidade de um surto da doença. O mosquito Aedes aegypti, já conhecido por transmitir a dengue, continua sendo uma das maiores preocupações de saúde pública no município.
Embora os casos de dengue estejam controlados, a chikungunya tem gerado alarme. O coordenador de Endemias, Alcides Ferreira, destacou que o número de casos da doença tem aumentado. "É mais um alerta para a população, visto que a doença tem se espalhado por várias cidades do país e do estado. No ano passado, houve uma epidemia no Paraguai, e diversos municípios da fronteira passaram por surtos, tanto no ano passado quanto no início deste ano. Em Três Lagoas, já tivemos casos confirmados”.
Ele também pede para que os três-lagoenses tenham cuidado com possíveis focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti. “A preocupação é grande, e pedimos à população que mantenha o foco e atenção em seus quintais e eliminem possíveis criadouros do mosquito. Três Lagoas ainda não passou por um surto ou epidemia de chikungunya, o que significa que a maior parte da população está suscetível a contrair a doença”, explica.
Em 2023, foram confirmados 11 casos no município, mas a coordenação afirma que estão subnotificados. Em 2024, esse número aumentou para 31 diagnósticos positivos registrados.
Introduzida no Brasil em 2013, a chikungunya foi inicialmente registrada no continente africano, em 1952. O Aedes aegypti é o principal vetor da doença, transmitindo o vírus após se alimentar de uma pessoa já infectada. O aumento no fluxo de pessoas entre cidades e a rápida proliferação do mosquito facilitam a disseminação do vírus.
Em resposta, o setor de Saúde está preparando ações para combater o surto. "Nós realizamos um trabalho contínuo ao longo do ano para o controle dessas arboviroses. No entanto, no segundo semestre, especialmente a partir de setembro, intensificaremos as ações com base em nossas informações sobre quais bairros têm maior índice de infestação, utilizando o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa). Também estamos implementando armadilhas e ovitrampas nos bairros. Com base nessas informações, o setor de endemias intensifica as visitas domiciliares, realiza bloqueio de casos e organiza mutirões de limpeza”, explica o coordenador.
Além de Três Lagoas, outras cidades de Mato Grosso do Sul, como Jaraguari, Chapadão do Sul, Sete Quedas, Maracaju e Ponta Porã, também enfrentam ou estão próximas de enfrentar surtos de chikungunya, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde. A maior incidência de casos ocorre entre pessoas de 10 a 29 anos.
Os sintomas da chikungunya são semelhantes aos da dengue, incluindo dor de cabeça, febre, tontura e dores nas articulações, que podem persistir por meses ou anos, conforme explica a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Adriana Spazzapan. "Pacientes com chikungunya podem enfrentar incapacidade de locomoção, dificuldades em atividades físicas e até no trabalho. É importante ter o diagnóstico o mais cedo possível, pois a longo prazo, esses pacientes podem desenvolver dores articulares. Sem um diagnóstico confirmado de chikungunya, os médicos podem diagnosticar o paciente com outras condições como artrite reumatoide. Isso compromete o tratamento eficaz da doença, levando o paciente a enfrentar dor crônica por até dois anos, dependendo de medicamentos para alívio. Por outro lado, com o diagnóstico preciso, o médico pode proporcionar um tratamento eficiente, melhorando a qualidade de vida do paciente durante o período de recuperação."
As medidas preventivas permanecem as mesmas: evitar o acúmulo de água parada e manter terrenos, quintais, calhas e outros ambientes limpos. "Os maiores focos, em Três Lagoas, estão onde as pessoas habitam, como residências e nos locais de trabalho. É um alerta para todos nós realizarmos nossa parte: certificar-se semanalmente de que não há acúmulo de água em locais como vasos de plantas, atrás de geladeiras e em umidificadores, onde o mosquito pode se reproduzir", Adriana alerta.
Confira a reportagem abaixo: