O Ministério das Relações Exteriores do Brasil está empenhado em negociar a libertação de Caio Henrique de Lima, um brasileiro que foi capturado pelo exército ucraniano enquanto lutava ao lado das forças russas. Caio, de 28 anos, está detido em Kiev desde meados de agosto. Ele havia se alistado ao exército russo, depois de se mudar para a Rússia em abril deste ano, alegando ter encontrado um emprego bem remunerado em Moscou.
Inicialmente, Caio manteve a discrição de um trabalho promissor em Moscou, mas, conforme os meses passaram, surgiram novos detalhes. A família revelou que ele acabou sendo forçado a assinar um contrato militar para combater na guerra contra a Ucrânia. Caio, que enfrenta um problema renal, relatou, por meio de mensagens à família, sobre a falta de atendimento médico e as severas condições a que estava submetido.
Preocupada com a situação, a irmã de Caio procurou a embaixada brasileira em Moscou no final de agosto. A representação diplomática solicitou informações às autoridades russas e manteve o Itamaraty informado sobre o caso. Dias depois, Caio entrou em contato com a embaixada brasileira, solicitando assistência direta, e indicou que a liberação dele dependia da intervenção do governo brasileiro com a Procuradoria Militar ou o Ministério da Defesa da Rússia.
Entretanto, no dia seguinte ao apelo, Caio foi capturado pelas forças ucranianas. As autoridades ucranianas não descartam a possibilidade de que Caio tenha ido para a Rússia ciente de que poderia ser utilizado como mercenário, dado o contexto do conflito.
Sem uma declaração oficial sobre o caso, o Itamaraty está trabalhando nos bastidores para assegurar que Caio seja incluído na próxima troca de prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia. Contudo, a tensão diplomática entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, pode complicar os esforços. Zelensky tem criticado Lula, acusando-o de ser “pró-Rússia” e questionando o plano de mediação para o fim do conflito apresentado em conjunto por Brasil e China.
O cenário permanece delicado, com a diplomacia brasileira buscando superar as barreiras políticas para garantir a segurança e a liberação de Caio Henrique de Lima.