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Disputa

Justiça anula sentença que beneficiava Paper Excellence na disputa pela Eldorado

Disputa pelo controle da Eldorado Brasil se arrasta em várias esferas da Justiça

Fábrica de celulose em Três Lagoas
Fábrica de celulose em Três Lagoas

O Grupo Especial da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu, nesta quinta-feira (20), anular a sentença da 2ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem que validava a arbitragem favorável à Paper Excellence na disputa contra a J&F Investimentos pelo controle da Eldorado Brasil Celulose.

Por seis votos a três, os desembargadores entenderam que a decisão foi proferida pela juíza Renata Mota Maciel quando o processo estava suspenso por determinação do próprio TJ-SP. Na sentença anulada, além de determinar que a Paper Excellence assumisse o controle da Eldorado, a magistrada aumentou os honorários advocatícios que a J&F teria que pagar, de R$ 10 milhões para R$ 600 milhões, sem que houvesse um pedido formal para isso.

A sentença foi publicada na noite de uma sexta-feira, último dia em que Renata Maciel estava na titularidade da vara. Na segunda-feira seguinte, ela assumiu um novo cargo como juíza auxiliar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde permanece atualmente.

Com a decisão do Grupo Especial, volta a valer o entendimento da 2ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP, que, em 2021, suspendeu o andamento da arbitragem até o julgamento final da ação anulatória proposta pela J&F. Além disso, a arbitragem também está suspensa por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), até que seja julgada uma ação que questiona a validade da venda da Eldorado, sob alegação de que a Paper Excellence descumpriu legislação sobre aquisição e arrendamento de terras por estrangeiros.

Com a anulação da sentença, a ação anulatória retorna para a primeira instância, onde será reanalisada. O juízo terá que avaliar os argumentos e provas existentes, além de considerar pedidos de novas provas que haviam sido negados pela juíza anterior. Um dos elementos que segue em investigação é o caso de espionagem de e-mails entre a J&F e seus advogados e testemunhas na arbitragem, que está sob apuração da Polícia Federal.

A perícia policial já confirmou o hackeamento de mais de 70 mil e-mails. Outro fator que embasou o pedido de anulação da arbitragem foi a omissão do árbitro indicado pela Paper Excellence, que deixou de revelar que manteve sociedade com os advogados da empresa sino-indonésia até um ano e meio antes do início do procedimento.

Nota J&F

O grupo J&F diz que participou de mais de 100 arbitragens em todo o mundo, com sentenças favoráveis e desfavoráveis, e este é o único caso em que a empresa requereu a anulação de um procedimento. Diante das fartas provas existentes e que ainda serão produzidas, a J&F tem segurança de que a decisão de hoje permitirá um julgamento justo que levará à anulação de um procedimento arbitral viciado desde a formação do painel de árbitros até a prolação de sua sentença.

Nota Paper Excellence

 A Paper Excellence esclarece que a sentença arbitral, da qual venceu por unanimidade, continua válida. O Grupo Especial da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) tão somente entendeu que a sentença da juíza Renata Maciel, da 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem de SP, ocorreu quando o processo estava suspenso provisoriamente.

Importante ressaltar que a decisão desta quinta-feira (20) foi proferida com base numa questão formal da sentença de primeiro grau, e que toda a instrução processual está mantida e será considerada novamente para uma nova sentença na Justiça.

O pedido de anulação da arbitragem, feito pela J&F, voltará a ser julgado na mesma Vara. A Paper Excellence confia que, baseado nas provas e depoimentos que já constam no processo, o juízo manterá a decisão anterior que confirmou a validade da arbitragem favorável à companhia.