O leilão da chamada ‘Rota da Celulose’, um pacote de rodovias federais e estaduais de Mato Grosso do Sul, marcado para esta sexta-feira (6), foi adiado após não receber nenhuma proposta. A informação foi divulgada nesta semana pelo Ministério dos Transportes e pelo Governo do Estado. Uma nova data será definida para que os ativos sejam novamente ofertados ao mercado.
De acordo com o cronograma inicial, as empresas interessadas deveriam ter entregue seus envelopes na última segunda-feira (2). Contudo, a ausência de detalhes inviabilizou uma disputa. A expectativa do Governo de Mato Grosso do Sul é fazer eventuais ajustes e colocar o projeto novamente à disposição do mercado no primeiro trimestre de 2025.
A secretária especial do EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas), Eliane Detoni, avalia que o momento do mercado foi crucial para decisão de prorrogar o leilão que estava marcado para dezembro. “Foi um movimento natural do próprio mercado, em um cenário que não contribuiu devido taxas de juros bastante elevadas, e toda conjuntura em relação aos aspectos macroeconômicos do país, assim como a grande oferta com muitos projetos em leilão toda semana, foram quase 5 mil km de rodovias concessionadas, em investimentos na ordem de R$ 130 bilhões”, destacou.
TRECHOS
Composta por 870,4 km de rodovias, a Rota da Celulose inclui trechos das BRs-262 e 267, além das estaduais MS-040, MS-338 e MS-395. O projeto prevê investimentos de R$ 8,8 bilhões ao longo de 30 anos, dos quais R$ 5,8 bilhões serão aplicados em obras de longo prazo, enquanto R$ 3 bilhões serão destinados a manutenção.
As rodovias são importantes para o escoamento da produção de celulose, principal produto de exportação do estado, e também conectam Mato Grosso do Sul ao estado de São Paulo. Entre os trechos previstos para duplicação, destacam-se os 97 km entre Campo Grande e Ribas do Rio Pardo, onde se encontra uma importante fábrica da Suzano. Esse segmento terá pedágios mais altos, como o de R$ 15,20 projetado para Ribas do Rio Pardo.
Controvérsias
O modelo de concessão, que inclui cobrança de pedágios sem a duplicação, tem gerado debates. Enquanto o governo estadual defende uma proposta para melhorias estruturais, críticas, como a do engenheiro Milton Rocha Marinho, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), apontam que o projeto federal para duplicação da BR-262 já estava em andamento. Segundo ele, manter o controle federal aceleraria as obras e evitaria os custos adicionais aos usuários.
O estudo de projeções técnicas, concluído em agosto, prevê tarifas de pedágio variando de R$ 4,70 a R$ 15,20, com redução de até 20% no valor final, dependendo da variação do leilão. No entanto, apenas 116 km do pacote total seriam duplicados, fato que se intensificou as críticas ao projeto, principalmente em relação à BR-262, já que os motoristas esperam há anos pela duplicação dessa rodovia, que liga a Capital Nacional da Celulose à capital de Mato Grosso do Sul.