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Mais da metade dos adolescentes da Unei participaram de rebelião

Embora não seja causa principal, superlotação ajuda a piorar a situação na unidade

Motim começou por volta das 19h30 e teve 1h30 de duração - Cláudio Júnior/TVC
Motim começou por volta das 19h30 e teve 1h30 de duração - Cláudio Júnior/TVC

Dezesseis adolescentes, dos 22 que cumprem medidas socioeducativas na Unidade Educacional de Internação (Unei) “Tia Aurora”, tiveram participação direta ou indireta na rebelião registrada na noite desta segunda-feira, dia 26.

De acordo com o diretor da instituição, João Batista Pinheiro, a rebelião, que teve início por volta das 20h, teve duração de uma hora e meia. Ao contrário do divulgado inicialmente,  o diretor explicou que o motivo não seria uma briga entre internos, mas sim a resistência deles a seguirem as normas da instituição, neste caso, a questão do silêncio. “Temos algumas normas a serem cumpridas e os adolescentes não quiseram obedecer algumas delas, como a questão do silêncio. Não houve briga, houve descumprimento das normas”.

O motim foi iniciado no alojamento 1, onde estavam seis adolescentes. Logo em seguida, tomou conta de todos os alojamentos da unidade. Na maioria dos casos, os adolescentes quebraram ventiladores, televisores e outros produtos que estavam nos alojamentos. Um princípio de incêndio foi registrado, mas, de acordo com o diretor, foi rapidamente controlado pelo Corpo de Bombeiros, que deu suporte à operação.

O motim mobilizou toda a equipe da Unei de Três Lagoas – agentes de plantão foram chamados para a emergência -; policiais militares, entre eles integrantes da Ronda Ostensiva Tática do Interior (Rotai) e Grupo Especializado Tático de Motos (Getam), e a equipe de resgate do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu).

Um adolescente teve que ser socorrido e encaminhado ao Hospital Auxiliadora devido a uma intoxicação por fumaça. “Esse adolescente já tinha problemas respiratórios, por isso foi levado para receber atendimento médico. Mas não registramos incidentes graves. Graças a Deus nenhum adolescente ou agente ficou ferido”.

LOTAÇÃO

Embora não tenha sido a causa principal da rebelião, a questão da superlotação da unidade agrava ainda mais a situação. Atualmente, a unidade abriga 22 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas ou aguardando decisão judicial. A capacidade da unidade, em contrapartida, é para 12 somente 12 adolescentes.

Desde junho de 2011, a Unidade Educacional de Internação foi parcialmente interditada pela Justiça Estadual devido às condições precárias apresentadas pelo prédio atual. Desde então, a Justiça estipulou um limite máximo de adolescentes internados.

A expectativa era de que a situação fosse normalizada com a construção da nova sede da Unei. Entretanto, a unidade, cujas obras foram inauguradas oficialmente no dia 17 de dezembro do ano passado, continua fechada por falta de pessoal. De acordo com o diretor, a Unei aguarda a realização de concurso público para contratação de mais profissionais para atender na unidade. A quantidade de agentes existentes hoje não é suficiente para atender a capacidade de 70 internos.

&saibaOrçada em mais de R$ 7 milhões, a nova Unei foi construída no bairro Jardim Imperial, às margens da BR-262, através de uma parceria entre os governos estadual e federal. A unidade foi projetada para ser a maior do Estado e uma das maiores do país.

Enquanto o novo prédio não é inaugurado, o diretor adiantou que possivelmente haverá transferências – o número de adolescentes ainda não foi divulgado. Pela manhã de hoje, a direção da Unei trabalhava fechando o caso. Entre as ações, estava a de contabilizar o prejuízo. Entre eles, foram detectados três televisores danificados, quatro ventiladores de mesa (trazidos pelos internos) e três ventiladores de teto, instalados pela Unei. “Além disso, objetos dos próximos internos foram quebrados no motim”.