A morte de mais de mil peixes, no rio Suruciú, em Três Lagoas, segue sem causa definida. Há pelo menos uma semana, a situação tem rendido muitas especulações sobre possibilidades, mas sem laudos oficiais revelando a causa que teria provocado a mortandade na região. Proprietários de ranchos se assustaram com o fato e dizem nunca terem visto algo parecido. “Vi vários peixes mortos às margens do rio e me assustei, porque são muitos”, disse a artesã Joseli Januário. Exemplares chegaram a ser recolhido nos últimos quatro dias pela Polícia Militar Ambiental (PMA) e enviados para a perícia técnica da Polícia Civil, que enviará o resultado para a Polícia Federal. No entanto, a análise deverá ser concluída apenas nos próximos dias.
Entre as supostas causas, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) apontou que pode estar ligada a procedimentos de hidrelétricas no rio Tietê no estado de São Paulo. Por meio de nota, o órgão estadual diz que essas ações podem ter gerado o acúmulo de macrófitas (algas aquáticas) no ponto de captação de água e contribuído para a falta de oxigenação, provocando a mortandade.
Há informações de que uma das usinas hidrelétricas, no rio Tietê, teriam realizado um procedimento de limpeza e, a água, possivelmente contaminada, teria descido para o rio Paraná, que desaguou no rio Sucuriú, onde o cardume foi encontrado morto. Uma especialista do Imasul, de Campo Grande, faria uma visita técnica, em Três Lagoas, neste fim de semana, para auxiliar os trabalhos nos rios. A informação foi divulgada pela prefeitura da cidade, entretanto, não confirmada pelo próprio Imasul. Há ainda informações de uma equipe do Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente) também estaria na cidade para verificar os procedimentos técnicos das usinas na região.
FORÇA-TAREFA
Técnicos e biólogos se mobilizaram, na quinta-feira (26), no Balneário Municipal “Miguel Jorge Tabox, que fica às margens do rio Sucuriú. Na ocasião, estava a equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio (Semea), juntamente com técnicos da Sanesul e policiais ambientais. Em três locais, eles mediram o nível de oxigênio presente na água e constataram que está normal. As equipes suspeitam que a causa seria decorrente de um tipo específico de alga, que pode estar ramificada, em alguns pontos dos rios Sucuriú ou Paraná, causando a desoxigenação da água, provocando o sufocamento e a mortandade. Também há relatos de peixes mortos encontrados próximo aos municípios de Brasilândia e Bataguassu.
“Nós fomos ao balneário e a Sanesul, que tem um aparelho específico, constatou que não há problema com a oxigenação na água. Recebemos informações de que virão equipes do Imasul e Ibama, que irão percorrer os locais em que os peixes foram encontrados mortos. São mais de mil exemplares, sendo que 95% se referem à espécie exótica, maioria conhecida como sardela, e 5% espécie nativa”, pontuou o comandante da PMA, Gabriel Rocha.
NOTIFICAÇÃO
O Ministério Público Estadual de MS, através da Promotoria do Meio Ambiente, destaca que são necessários laudos de exames dos peixes encontrados mortos para saber a causa, como de sangue, da água, por exemplo, para saber se foi falta de oxigênio, envenenamento,ou outra situação . O promotor do Meio Ambiente, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, abriu procedimento para apurar o fato e notificou o Ibama, Imasul, prefeitura e a CTG Brasil para prestarem esclarecimentos.
A equipe de reportagem entrou em contato com Ibama, por diversas vezes, e não houve retorno sobre o assunto. Por meio de nota, a CTG informou que a UHE Jupiá está operando conforme a legislação ambiental brasileira e que não foi identificada mortandade de peixes relacionada ao trabalho da usina. Contudo, identificou na região da confluência do rio Tietê com o rio Paraná, algumas carcaças de peixes, de espécie não nativa e em avançado estado de decomposição. Ressalta, ainda, que realiza periodicamente monitoramentos da água.