A partir da próxima segunda-feira, os médicos podem deixar de realizar o atendimento eletivo aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Auxiliadora de Três Lagoas. Segundo o médico e representante do corpo clínico do Conselho Consultivo do hospital, Paulo Veron da Motta, se até segunda-feira, nãofor apresentada uma posição concreta em relação a um aporte financeiro para o Auxiliadora, que possibilite o pagamento dos profissionais em dia, eles vão suspender o atendimento eletivo ao pacientes do SUS.
Além do pagamento, que venceu no dia 20, os médicos querem a garantia de que não vão receber mais com atrasocomo está ocorrendo há meses. Até ontem, os médicos ainda não haviam recebido o pagamento previsto para o dia 20 de julho. Por seu turno, o Hospital está aguardando o município aumentar o repasse que é feito para o Auxiliadora atender os pacientes do SUS, uma vez que os valores que recebe não estão sendo suficientes para pagar as despesas decorrentes desse atendimento. A prefeitura, por sua vez, alega que não tem condições financeiras de aumentar o repasse.
Diante desse impasse, os médicos já adiantaram que caso não seja apresentada uma alternativa para se manter a prestação do serviço, a partir de segunda-feira, os serviços podem ser paralisados a qualquer momento. “Vamos garantir apenas os atendimentos de urgência e emergência, que não podem ser suspensos de uma hora para outra. Se não houver, por parte da direção do hospital e do município, ou Estado, um posicionamento claro do que eles realmente pretendem cumprir em termos de meta de atendimento a população, a partir da semana que vem, o serviço eletivo pode ser suspenso”, reforçou Paulo Veron.
Segundo o médico, a direção do hospital está aguardando posicionamento da prefeitura quanto à garantia ou não de aporte financeiro. Se isso ocorrer, os médicos vão continuar prestando o atendimento até o mês de novembro, quando está prevista a assinatura do novo termo de contratualização, entre o município e o hospital.
ATENDIMENTO
Entre os atendimentos eletivos estão: cirurgias de vesícula, de hérnia, de laqueadura,ortopédicas para a retirada de pinos, de cirurgias para a retirada de pequenos tumores, histerectomia , entre outros atendimentos. Segundo Paulo Veron, por mês, o hospital realiza cerca de 200 procedimentos eletivos. “Como são eletivos, são programados e, se o poder público, a administração não tem aporte financeiro para continuar o atendimento, não serão feitos. Infelizmente não é culpa da parte médica, inclusive o hospital está reivindicando revisão no repasse financeiro porque não está suportando arcar com custos”, comentou.
DÉFICT
Segundo o médico, o hospital Auxiliadora alega não ter condições financeiras de continuar prestando os mesmos serviços pelos mesmos valores, uma vez que estes não cobrem os custos operacionais de funcionamento da estrutura hospitalar. Além do mais, aumentou muito o volume de atendimento do hospital, que hoje recebe, inclusive, moradores de municípios circunvizinhos. Esses atendimentos além dos que estão previstos em volume pelo SUS não estão sendo ressarcidos ao hospital que está arcando com os gastos decorrentes desta demanda não prevista.
NÃO RECONHECE
De acordo com Paulo Veron, a prefeitura de Três Lagoas não reconhece essa circunstância. “A classe médica quer que haja esse reconhecimento. Se um parceiro alega que o recurso é insuficiente, o outro parceiro tem que reconhecer. Se eles estão falando coisas diferentes, o compartilhamento não está sendo eficiente como deveria ser. É essa conduta que estamos cobrando, tanto do hospital, quanto da Secretaria de Saúde. Se a prefeitura alega que o recurso é suficiente, o hospital tem que resolver o problema de atendimento da população na medida de que foi contratado”, comentou.
Desde o mês passado, o hospital suspendeu o atendimento eletivo na pediatria na do hospital, sob a alegação de quea demanda é muito alta para apenas um médico. Segundo Paulo Verón, não foi apenas na pediatria que o atendimento eletivo foi suspenso, mas também na psiquiatria e pneumologia. Somente os casos de urgência e emergência são atendidos. E existe a possibilidade de que outros atendimentos serem suspensos. “Na medida que o aporte financeiro é insuficiente, como alega o hospital, os serviços vão diminuindo. A gente tinha um trabalho excelente, mas algumas clínicas vão perdendo as condições de trabalho”, destacou.