A anunciada Conferência Municipal do Meio Ambiente, marcada para o dia 24 de janeiro, cria para a sociedade civil e para os defensores do meio ambiente expectativas de que seus resultados indiquem políticas e práticas que o município e seus munícipes deverão observar e cumprir. Esta questão, atualmente, tão tormentosa, não permite mais omissões, improvisações ou que o tema seja relegado ou rebaixado para assuntos de menor importância.
Entre os temas que a conferência propõe está a desafiadora questão: sustentabilidade e desenvolvimento. Espera-se que estes dois pilares abranjam questões que vão desde a poluição industrial diante da realidade três-lagoense, que hoje abriga fábricas de celulose, entre tantas outras, e em breve, a de fertilizantes cuja conclusão de sua implantação e consequente entrada em operação espera-se para os próximos dois anos, até a correta e seletiva coleta de lixo residencial.
É sabido, que a cidade dispõe de estações de monitoramento do ar desde quando foi implantada a primeira unidade fabril de celulose. No entanto, a população não tem acesso aos indicadores de controle do ar na cidade. Portanto, em relação a essa questão de controle de poluição do ar que respiramos, se impõe com mais transparência o acesso às informações dos níveis de qualidade do ar na cidade e sua consequente publicidade, que deve ser proclamada pelos controladores dessas estações de monitorando, que estão instaladas dentro das indústrias e outras fora, mas não controladas pela municipalidade. Enfim, a chave da casa está em mãos daqueles que possivelmente podem ser causadores da poluição. Por isso, deve ser exigida mais transparência e acesso instantâneo e diário à essas informações.
Outra questão importante refere-se à fiscalização mais efetiva sobre o recolhimento de resíduos e a sua destinação. Para onde vão esses resíduos? Também, as questões de mitigação sobre impactos ambientais precisam ser permanentemente acompanhadas e executadas, além de fiscalizadas com efetividade pela municipalidade, de modo que o meio ambiente seja compensado e continue saudável.
Outra questão relevante é a recomposição do Córrego da Onça, quer está “morrendo” por conta do despejo de dejetos do esgoto da cidade e do desmatamento da sua nascente, assim como do seu curso.
Certamente se discutirá nesta conferência ações de educação para o meio ambiente levando a discussão para dentro das escolas e para a população, que obrigatoriamente deve adotar postura mais consentânea com as regras e cuidados que se deve ter com o descarte do lixo doméstico, limpeza e manutenção de terrenos baldios, assim como não varrer para dentro de bueiros a sujeira das calçadas e sarjetas.
O fato é que vivemos um período de evidente desequilíbrio climático, hoje, alternadamente com escassez de chuvas, ou, com períodos de muitas chuvas e tormentas que causam enchentes, desabamentos de encostas e por aí afora, redundando sempre, em severas punições às populações atingidas.
O nosso meio ambiente precisa e deve ser preservado para que os mananciais de água não sequem, nossas vegetações não sofram maiores impactos por conta da seca. É necessário restabelecer os sistemas de chuvas, para que o campo, com suas plantações, forneça os resultados desejados para o agronegócio.
Mas, o grande desafio dessa conferência será a de estabelecer medidas de preservação das três lagoas, que emprestam o nome à cidade. A lâmina de água da Lagoa Maior ano após ano fica mais rasa, a contenção de areia e sujeira que deveria evitar o despejo de dejetos não está contendo por causa da improvisação de bacias abertas em seu entorno.
Portanto, é imprescindível a contratação de engenharia especializada para encontrar uma solução definitiva. Caso nada seja feito, as lagoas correrão risco de desaparecerem para tristeza de todos nós, que amamos Três Lagoas. E de nada valerá o desenvolvimento que estamos alcançado, caso a sustentabilidade do meio ambiente não seja garantida por meio de ações efetivas para preservá-las.