A congregação religiosa das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado celebra no próximo dia 17 a festa dos 50 anos de início dos trabalhos em Três Lagoas.
A solenidade será na Catedral Sagrado Coração de Jesus, às 19 horas, na celebração da missa de louvor e agradecimento a Deus “pela nossa caminhada Missionária junto ao povo” de Três Lagoas, segundo expressa o convite dos 50 anos da presença das Irmãs Missionárias, na Cidade.
As Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado vieram para Três Lagoas em 1959, tendo, desde lá, “uma participação ativa na formação humana e espiritual da comunidade, dando atenção especial às pessoas humildes e carentes”, resumiu a irmã Ignez Guarnieri. A comunidade de Três Lagoas possui hoje cinco irmãs religiosas, entre elas a presidente da Associação dos Artesãos de Três Lagoas, irmã Zélia Lopes da Silva.
Como missão específica da Congregação Religiosa, fundada oficialmente em Campinas (SP), no dia 3 de maio de 1928, por dom Francisco Campos Barreto (segundo bispo daquela diocese) e pela madre Maria Villac, as irmãs se infiltraram em todos os segmentos da sociedade três-lagoense, principalmente, na educação e na assistência social.
Foi notável o trabalho social desenvolvido pelas Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado em Três Lagoas, principalmente no período de 1959 até meados de 1986. Não há quem não se recorde do trabalho eficiente e organizado que era realizado pelo Centro Social de Assistência e Caridade (Cesac).
Além da assistência social às famílias carentes, que recebia doações de alimentos, alguns vindos até da Caritas Brasileira, as pessoas eram estimuladas a aprenderem algum trabalho que fosse “geração de renda para o sustento de suas famílias”, lembrou a irmã Ignez.
“Eram muitos os cursos de artesanato, bordados e costura”, comentou a irmã Zélia, em Três Lagoas desde 1969.
“Por onde a gente anda, ainda se lembra de muita gente daquela época”, comentou irmã Zélia.
No Estado, além de Três Lagoas e Campo Grande, as Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado realizaram trabalhos sociais e de evangelização cristã nas cidades de Brasilândia, Selvíria, Coxim e Água Clara.
“Em algumas cidades, a gente chegou bem antes dos padres e fazíamos até o papel de vigário das igrejas”, lembrou irmã Ignez.
Iniciada como uma simples Associação de jovens religiosas idealistas da cidade de Campinas, Maria Villac desistiu de viajar para a Bélgica, onde iria estudar, para fundar uma Congregação Religiosa. Para concretizar sua vocação, ela contou com o apoio do bispo Dom Barreto, que compartilhava das idéias ousadas e ultra modernas de Maria Villac.
HÁBITO
Por exemplo, naquela época da Igreja Católica, era por demais “avançado” saber que existiam irmãs religiosas sem hábito próprio e facilmente identificado. Não existiam ainda freiras que exerciam atividades pastorais em meio a outras atividades, aparentemente, “mundanas” e só profissionais. Ao se infiltrarem no meio social do trabalho, educação e até no lazer, as religiosas aproveitavam para transmitir a mensagem do Evangelho.
No Brasil, as missionárias de Jesus Crucificado foram as primeiras a receber moças negras em suas fileiras, tal era a simplicidade que atraía novas vocações.
Dom Barreto dizia naquela época: “Devemos ir em busca”.
Aqui está o resumo “e todo o nosso trabalho na Igreja”, disse a irmã Ignez.
Nas reuniões com as irmãs religiosas, Dom Barreto costumava dizer: “devem espontaneamente visitar as famílias… de preferência visitarão casa por casa, nos bairros operários… visitarão as fábricas, os cárceres, as casas dos pobres”.