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Morre Izulina Xavier, artista estava com 97 anos

Artista plástica corumbaense estava com a saúde fragilizada há mais de três anos. Izulina idealizou as obras dos Cristos em Corumbá e Três Lagoas

Izulina Xavier escolheu Corumbá como cidade para deixar seu maior legado - Acervo familiar
Izulina Xavier escolheu Corumbá como cidade para deixar seu maior legado - Acervo familiar

A artista plástica, autora de obras icônicas em Corumbá e Três Lagoas, Izulina Gomes Xavier morreu em casa, nesta quarta-feira (16), aos 97 anos. Por conta da saúde frágil nos últimos anos, ela seguia com cuidados especiais na residência onde produziu centenas de suas obras, na rua Cuiabá, em Corumbá. Um local que ela transformou em um museu a céu aberto.

Izulina também é autora de músicas e de vários livros de romance, poesia e história infantil. Trechos de poesias, inclusive, fazem parte de paredes da casa dela. “Eu vivi no campo, nadei com os peixes, cantei com os pássaros e voei com as borboletas… Já fui muito feliz. E nada me impede, com tudo o que eu passei, de eu ainda ter minha felicidade,.. De vez em quando eu me descubro voando, feliz da vida. Uma sensação tão boa, tão gostosa… Quando eu consigo terminar uma escultura que eu gosto, eu fico numa felicidade que você nem queira saber”.

Cristo Rei em Corumbá e Via sacraObras do Cristo Rei e Via sacra, em Corumbá produzidas por Izulina Xavier

O nome de dona Izulina, ou Izu, como também era conhecida, está eternizado na história e na cultura corumbaenses e de Mato Grosso do Sul. Na Capital do Pantanal, a própria casa dela é uma galeria de arte, com várias estátuas de concreto dispostas desde os portões. No ponto mais alto da cidade, no morro do Cruzeiro, a imagem do Cristo Rei do Pantanal é outra obra dela, além da via sacra que ajuda a valorizar um dos pontos turísticos principais da cidade. São 72 peças montadas.

A artista nasceu em Jaicos (PI) em 18 de abril de 1925 e se mudou para Corumbá ainda jovem, depois de ter casado com José Xavier. Seu talento acabou revelado para ela mesmo ao cumprir uma promessa feita à São Francisco de Assis. Ela esculpiu uma imagem do santo em concreto, que ficou na frente da casa dela. O encantamento das pessoas mostrou à dona Izulina que ela tinha criado algo para ser referenciado e também foi a partir daí que a casa dela tornou-se um museu a céu aberto, conhecido como “Artizu”.

Além de Corumbá, onde as obras dela estão espalhadas pela cidade, a artista plástica elaborou o Cristo de Três Lagoas, um monumento de 15 metros que fica na entrada da cidade, inaugurado em 1992. Além do talento, Izulina recebia apoio da família para colocar em prática alguns projetos. No caso da obra na cidade, os filhos Antonio Carlos Gomes Xavier (engenheiro civil) e Francisco Gomes Xavier (arquiteto) a ajudaram.

Suas obras também alcançaram a Bolívia e seu nome foi homenageado no Carnaval de Corumbá, nos anos de 2003 e 2006. A família de Izulina ainda não divulgou o horário de velório e sepultamento. “Ela faleceu na casa dela, onde era o local que ela sempre amou”, relatou o neto, Cristiano Xavier.