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Solução

MS busca imigrantes para suprir escassez de mão de obra

Estado enfrenta um cenário desafiador no mercado de trabalho, com cerca de 25 mil vagas abertas e dificuldades para preenchê-las

Falta de trabalhadores é o grande gargalo enfrentado por Mato Grosso do Sul para atender diversos setores da economia – Foto: Arquivo/divulgação
Falta de trabalhadores é o grande gargalo enfrentado por Mato Grosso do Sul para atender diversos setores da economia – Foto: Arquivo/divulgação

Mato Grosso do Sul enfrenta um cenário desafiador no mercado de trabalho, com cerca de 25 mil vagas abertas e dificuldades para preenchê-las. Para suprir essa demanda, a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) firmou um acordo de cooperação com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, visando atrair e regularizar trabalhadores paraguaios.

Não é de hoje que estrangeiros são presenças marcantes no Estado. Em Três Lagoas, existe uma grande colônia de haitianos, há anos. Além dos estrangeiros, também chegaram muitos brasileiros vindos da região nordeste para trabalhar em Mato Grosso do Sul.

O protocolo de intenções entre a Fiems, o MTE e a Câmara de Comércio do Paraguai foi assinado nesta semana e prevê a emissão de CPF, carteira de trabalho e visto para os paraguaios interessados, além de cursos de português e microcertificação profissional. O Senai oferecerá capacitação de acordo com as necessidades da indústria, enquanto a Câmara de Comércio atuará na conexão entre empresas brasileiras e profissionais paraguaios.

Para o presidente da Fiems, Sérgio Longen, a escassez de trabalhadores tem dificultado a expansão do setor industrial no Estado. “Nosso objetivo é trazer pessoas interessadas em trabalhar e também regularizar quem já está atuando aqui. Queremos garantir que todos tenham condições legais para atuar na indústria sul-mato-grossense”, afirmou.

O superintendente do Trabalho e Emprego em MS, Alexandre Moraes Cantero, destacou que a medida também busca combater o tráfico de pessoas e situações análogas à escravidão. “Essa é uma oportunidade de auxiliar o setor produtivo, promover inclusão no trabalho formal e garantir que os trabalhadores tenham direitos assegurados”, disse.

Três Lagoas
Em Três Lagoas, haitianos já fazem parte do mercado de trabalho há anos, especialmente na construção civil, no setor de serviços e no plantio de eucalipto. Além deles, muitos trabalhadores nordestinos também migraram para a cidade, atraídos pelas oportunidades nas grandes obras e no setor florestal.

De acordo com Jean Carlos, diretor da Casa do Trabalhador, a busca por emprego na região tem atraído profissionais de diferentes estados e países, como Argentina, Bolívia e Haiti. Ainda assim, muitas vagas permanecem abertas por longos períodos, especialmente no setor de celulose, que segue crescendo na região.

Atualmente, Mato Grosso do Sul abriga grandes indústrias de celulose em Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, e, futuramente, contará com as novas fábricas da Arauco, em Inocência, e da Bracell, em Água Clara.

COMÉRCIO
O comércio e outros segmentos, como supermercados, também sentem a escassez de trabalhadores. Enquanto comerciantes apontam a falta de mão de obra qualificada e a dependência de auxílios governamentais como motivos para essa situação, sindicatos destacam os baixos salários como fator principal. O deslocamento também é um desafio, pois muitas vagas exigem que os trabalhadores fiquem alojados em cidades vizinhas, o que leva parte dos candidatos a desistirem das oportunidades.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) defende a importância dos programas sociais, mas ressalta a necessidade de capacitação profissional. “Precisamos garantir que a população tenha acesso à educação e à qualificação para suprir a demanda do mercado”, afirmou.

Com o novo acordo, a expectativa é que a chegada de trabalhadores paraguaios ajude a reduzir o déficit de mão de obra no Estado, beneficiando indústrias, comércios e setores em expansão.