Amigos e familiares se despediram nesta quarta-feira (6), em Campo Grande, do ex-pracinha Agostinho Gonçalves da Mota que morreu ontem, aos 97 anos. Ele estava com a saúde debilitada e a família informou que "morreu serenamente".
Na década de 40, Agostinho, um jovem três-lagoense de 19 anos, foi convocado pelo governo brasileiro para lutar na 2ª Guerra Mundial, integrando a Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Nas palavras dele, um honra servir ao país e lutar contra o nazismo e o fascismo. "Chegou na hora e falou: 'você vai pra guerra!' Muda completamente a mentalidade de qualquer pessoa.[ ] Houve muitos maus conselhos pra deserdar. Eu falei: Não! Eu estou espiritualmente apto pra ir pra guerra!"
Agostinho e outros 679 representantes do então Estado de Mato Grosso embarcaram para a Itália onde, sem treinamento e agasalho adequados, enfrentaram o inimigo nas trincheiras geladas, sob neve e temperaturas até 20 graus negativos. Era o inverno mais rigoroso na região em 50 anos.
"Passar por tudo aquilo que nós passamos, e chegar a dizer 'terminou a guerra!', é a coisa mais maravilhosa do mundo. A palavra mais bonita até hoje que eu já escutei", disse Agostinho em 2017, ao gravar para um documentário produzido pela TV da Assembleia de Mato Grosso do Sul.
Ao retornar da guerra, em 1945, Agostinho casou com a namorada que havia deixado em Três Lagoas e com a qual viveu ao lado por 70 anos. Foi um dos fundadores da Seção Regional de Mato Grosso do Sul da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB-MS) e criou o Museu da Força Expedicionária, em Campo Grande.
Até o fim da vida, Agostinho manteve o bom humor e a alegria de viver, contagiando a todos que o rodeavam. Atualmente, apenas dois ex-combatentes do estado permanecem vivos, ambos com mais de 100 anos de idade.