Em entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico, o presidente da Suzano, Walter Schalka, diz que não há madeira para novas fábricas de celulose no Brasil. Embora a oferta de celulose de fibra curta vá crescer até 2024, não há previsão de novas plantas a partir do ano que vem e não há madeira disponível para mais projetos no curto e médio prazo no Brasil, Paraguai e Uruguai, ressaltou Schalka. “Não há disponibilidade de fibra no curto prazo no Brasil e nos países limítrofes. Existe a perspectiva de terras disponíveis para que novos projetos aconteçam, mas não no curto prazo”, afirmou.
A mesma opinião tem Dito Mário, diretor da Reflore -MS, entidade que reúne produtores de madeira de florestas plantadas no Estado. Ao Jornal do Povo, ele disse que a curto prazo realmente não tem, mas é só plantar, pois áreas disponíveis para isso tem, inclusive, em Mato Grosso do Sul.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck, Mato Grosso do Sul tem 1,3 milhão de hectares de florestas de eucalipto plantadas. O plano florestal do governo do Estado prevê uma base florestal de 2 milhões de hectares. Verruck ressalta que problemas de curto prazo de fornecimento ocorrem. “O preço do metro quadrado aumenta e do arrendamento de áreas também. São ciclos normais da cadeia produtiva. Nosso plano florestal prevê uma base florestal de 2 milhões de hectares, já temos 1,3”, reforça.
Mato Grosso do Sul conta atualmente com três fábricas de celulose instaladas e em operação no município de Três Lagoas: uma da Eldorado Brasil, com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano; duas da Suzano, que produzem 3,25 milhões de toneladas por ano. Recentemente a Suzano iniciou a construção de mais uma fábrica no Estado, em Ribas do Rio Pardo, que será a maior planta industrial de celulose do mundo, produzindo 2,55 milhões toneladas/ano.
A Arauco, de origem chilena, vai instalar uma unidade em Inocência, e através da empresa florestal Mahal, conta com mais de 60 mil hectares de florestas cultivadas em seis cidades da Costa Leste. Além dessas, a Bracell, empresa de celulose com fábrica em Lençóis Paulista (SP), tem plantado em Mato Grosso do Sul 50 mil hectares de florestas. A Bracell possui áreas de cultivo no Estado desde 2021, com unidades operacionais em Campo Grande e Água Clara. Embora a fábrica esteja instalada no Estado de São Paulo, a empresa emprega mais de 400 colaboradores diretos e cerca de mil terceirizados em Mato Grosso do Sul.
Dito Mário ressalta que Mato Grosso do Sul tem 8 milhões de produção de celulose e comporta até 15 milhões. “Só a região da Costa Leste tem 8 milhões de hectares, ou seja, tem muita área disponível ainda”, ressaltou.